PM diz em Cabo Verde que investir na educação é o melhor exemplo contra o “horror da guerra”

Portugal financiou a construção e o funcionamento da Escola Portuguesa de Cabo Verde que está a funcionar desde 2016, tem quase mil alunos e em 2023 terá aulas até ao 12.º ano. Visita oficial de António Costa termina nesta segunda-feira.

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LUSA/ELTON MONTEIRO

O primeiro-ministro português, António Costa, afirmou hoje, na Praia, que a Escola Portuguesa de Cabo Verde vai aumentar a sua capacidade e que o investimento na educação é o melhor exemplo contra o “horror da guerra”. “Nestes momentos, onde as imagens da televisão só nos trazem o horror da guerra, é mais importante do que nunca podermos ver que o melhor símbolo da paz é o investimento na educação e no futuro das nossas crianças”, afirmou António Costa no seu segundo e último dia de visita à capital cabo-verdiana.

Sobre a Escola Portuguesa de Cabo Verde, recordou que em 2017 foi inaugurada a primeira fase e em 2019 a segunda fase, prometendo agora que avançará a terceira fase do empreendimento, quando já é frequentada por quase 900 alunos até ao 10.º ano de escolaridade, para aumentar a capacidade e as “valências” da instituição.

Esse reforço das capacidades, além da expansão física, explicou, passará pelas áreas do ensino profissional, preparação para o ensino superior e uma “colaboração muito importante” na formação de professores em Cabo Verde. “Para continuarmos a trabalhar com o Governo de Cabo Verde para aquilo que é mais importante: assegurar que a história que herdamos tem futuro. A melhor forma de assegurar esse futuro é esta sementeira que a Escola Portuguesa aqui em Cabo Verde faz, de criação de novas gerações, onde o vínculo entre os nossos dois povos é um vínculo muito forte e muito promissor daquilo que é o futuro que vamos construir em conjunto”, afirmou António Costa.

Recordou que aquela escola era uma “prioridade” reivindicada pela comunidade portuguesa em Cabo Verde há vários anos, mas também pelo Governo cabo-verdiano, tendo sido concretizada a partir de 2016, com a doação do terreno nos arredores do centro da Praia por parte da câmara da capital, quando já poucos acreditavam que o projecto iria para a frente.

“Eu tenho tido o privilégio, ao longo destes seis anos, de ter assistido a como é que um sonho se pode ir transformando numa realidade e, sobretudo, como é que a nossa ambição e o nosso optimismo nos têm permitido ir aumentando a nossa ambição de continuar a fazer crescer este sonho e também a fazer crescer esta realidade”, apontou.

Durante a mesma visita, o primeiro-ministro cabo-verdiano, Ulisses Correia e Silva, autarca da Praia à data do lançamento da construção, afirmou que foi o “empenho do Governo de António Costa que fez nascer” a Escola Portuguesa de Cabo Verde: “São investimentos deste tipo que fazem crescer os países. A educação é por demais evidente o motor de tudo.”

“Neste momento, nós estamos também sintonizados com todo o esforço que é necessário para que haja paz na Ucrânia. E que este momento seja também inspirador para que haja paz e possamos dizer não à guerra”, afirmou ainda Ulisses Correia e Silva.

A Escola Portuguesa de Cabo Verde iniciou a actividade no ano escolar de 2016/2017 com 22 alunos e recebe neste ano lectivo 883 estudantes, do pré-escolar ao 10.º ano. No próximo ano lectivo vai alargar as aulas ao 11.º ano e no seguinte ao 12.º, segundo a directora da escola. “Se tivéssemos mais vagas, mais alunos cá andariam”, disse a directora, Suzana Maximiano.

A Escola Portuguesa de Cabo Verde é suportada pelo Orçamento do Estado português e funciona no âmbito de um acordo bilateral de cooperação com Cabo Verde, contando com 67 professores e 47 funcionários. Nas três fases do empreendimento, a escola representa um investimento de 2,3 milhões de euros. “Tem sido uma luta muito árdua construir esta escola. Estes três pavilhões foram construídos em dois anos e meio, com dois anos de pandemia que continua a persistir”, afirmou ainda a directora, prometendo uma escola “mais forte” e um “ponto de união” entre os dois povos.

Para o ministro da Educação português, Tiago Brandão Rodrigues, esta escola é “uma das mais importantes pontes entre os dois países” e é “um órgão quase vital” nas relações bilaterais. “Já vai no 10.º ano, começa a sonhar nos primeiros alunos que vão para o ensino superior, nos primeiros alunos que vão para o mercado de trabalho. Começa a ter sonhos relativamente ao ensino profissional”, disse o governante, que integra a comitiva portuguesa em Cabo Verde.

No âmbito da visita do primeiro-ministro português, os governos de Portugal e de Cabo Verde assinam esta tarde, na Praia, no final da VI Cimeira entre os dois países, o Programa Estratégico de Cooperação 2022-2026, que vai envolver cerca de 95 milhões de euros. Durante a manhã, António Costa foi ainda recebido pelo Presidente da República de Cabo Verde, José Maria Neves.