Estes bailarinos trocaram as sapatilhas por armas para defender a Ucrânia
Com companhias paradas e teatros fechados, dois bailarinos juntaram-se aos que combatem pela independência do seu país.
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Oleksii Potiomkin e Lesia Vorotnik não vão ficar parados à espera que a guerra acabe e que a companhia de dança a que pertencem retome ensaios e espectáculos. Os jovens bailarinos, habituados às luzes dos palcos, trocaram as sapatilhas que usam habitualmente nas produções do Ballet da Ópera de Kiev por armas e estão prontos a defender a Ucrânia, respondendo ao apelo do Presidente Volodimir Zelensky.
Ambos surgem nas redes sociais Twitter ou Instagram com armas e Potiomkin aparece, até, completamente uniformizado, estando já a combater no terreno.
Na sua conta no Instagram, onde costumava dar conta dos seus espectáculos na Ucrânia e no estrangeiro ou de momentos especiais em família, há agora fotografias de prédios destruídos e de ruas cobertas de destroços em Kharkiv. Os retratos intimistas com a mulher, a bailarina Jane Korshunova, directora de uma escola de dança em Lviv, e o filho de ambos, Misha, deram lugar, por exemplo, à fotografia de uma menina ainda muito pequena, com ferimentos recentes, sentada numa cama de hospital.
Uma estrela de camuflado
Completada a sua formação em Kharkiv, em 2011, Oleksii Potiomkin deu início a uma carreira de grande sucesso. Tendo chegado rapidamente a bailarino principal da Ópera de Kiev, é convidado por formações no estrangeiro com frequência e dançou já vários dos grandes papéis que o reportório da clássica reserva aos intérpretes masculinos, como o Príncipe Siegfried de O Lago dos Cisnes ou o Basil de Dom Quixote.
Segundo Anna Sophia Scheller, bailarina principal com quem já fez par, Oleksii Potiomkin voluntariou-se como soldado e treinou para aprender a disparar. “Mas ele é um bailarino, não cresceu como militar”, lamentou-se Scheller à Pointe, revista especializada em notícias do universo da dança clássica.
Lesia Vorotnik, que pertence ao corpo de baile da companhia, uma posição geralmente ocupada por bailarinos pouco experientes, também se juntou à resistência contra a invasão russa.
A jovem intérprete foi fotografada segurando uma arma e a sua decisão de combater as tropas russas anunciada no Twitter pela jornalista ucraniana Tetiana Danylenko e pela activista dos direitos civis Oleksandra Matviichuk.
Segundo a revista Vanity Fair, Lesia Vorotnik e Oleksii Potiomkin juntam-se, assim, a outras figuras públicas russas, como o nadador Mikhailo Romanchuk e o antigo campeão do mundo de boxe, Vasilii Lomachenko, que estava na Grécia quando se deu a invasão e que regressou de imediato ao seu país para integrar um dos grupos armados encarregado da defesa de Odessa.
Duas outras figuras do boxe bem conhecidas, Vladimir Klitschko e o seu irmão mais velho Vitali, presidente da câmara de Kiev desde 2014, também pegaram em armas na tentativa de travar o avanço russo.
Notícia corrigida às 9h25 de 6 de Março: Retirou-se “sapatilhas de pontas” do título, ficando só sapatilhas. Embora na versão original “de pontas” tenha sido usado em sentido figurado, para remeter de imediato para o universo da dança clássica, vários leitores ficaram incomodados pelo facto de os homens, no reportório clássico, não usarem pontas. Aqui fica a correcção.