Azul, o projecto do PÚBLICO para “sintonizar o jornalismo” com as prioridades do ambiente

O Azul é o novo projecto do PÚBLICO, dedicado a temas de ambiente, como a crise climática ou a sustentabilidade. Foi apresentado na manhã desta sexta-feira e será lançado em Abril.

RG Rui Gaudêncio - 4 Março 2022 - Nós e a crise climática, conferência do 32º aniversário do jornal Público. Lisboa. Público
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O Azul é o novo projecto do PÚBLICO
RG Rui Gaudêncio - 4 Março 2022 - Nós e a crise climática, conferência do 32º aniversário do jornal Público. Lisboa. Público
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O Azul é o novo projecto do PÚBLICO
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RG Rui Gaudêncio - 4 Março 2022 - Nós e a crise climática, conferência do 32º aniversário do jornal Público. Lisboa. Público
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O Azul é o novo projecto do PÚBLICO

O novo projecto do PÚBLICO chama-se Azul e está dedicado a temas de ambiente, como a crise climática ou a sustentabilidade. Foi apresentado na manhã desta sexta-feira e será lançado a 22 de Abril.

“Temos um caso Azul e o caso Azul é verde”, comenta o director do PÚBLICO, Manuel Carvalho, referindo-se ao logótipo do projecto: Azul escrito a verde. “É uma das principais prioridades editoriais do jornal nos próximos tempos”, explica, e este é um projecto para “sintonizar o jornalismo com o nosso tempo”. “A questão da agenda da crise climática, da biodiversidade e de todos os desafios, que é o presente e futuro da humanidade, exigiam que fizéssemos uma transformação muito profunda de levar a actualidade aos nossos leitores”, começou por dizer Manuel Carvalho, numa das conferências do 32.º aniversário do jornal, dedicado à crise climática. “Decidimos sintonizar o jornalismo que fazemos com as grandes prioridades do nosso tempo.”

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Vera Moutinho

O projecto de ciência financiado por uma acção fundos europeus, Biopolis, e a Fundação Calouste Gulbenkian, aceitaram apoiar o novo grande plano do PÚBLICO​. A Lipor e a Sociedade Ponto Verde também fazem parte do grupo de mecenas. “O PÚBLICO quer ser um jornal tão bom como os melhores da Europa”, refere o director do jornal, comparando que a redacção é um terço da redacção do El País e um sétimo do Le Monde. “À nossa escala temos este tipo de dificuldades”, daí que o PÚBLICO tenha ido “à procura de parceiros que de certa forma tivessem este compromisso da agenda do ambiente”, explica.

Com o objectivo de ser uma “comunidade aberta” a toda a sociedade, este é um projecto jornalístico que terá um site incluído no PÚBLICO e que contará com uma equipa de dez jornalistas, uma “equipa virada para o Multimédia”. “Queremos que também seja muito dirigido para os mais jovens”, acrescenta Manuel Carvalho, incluindo conteúdos que possam ser levados para as escolas.

A apresentação do painel sobre responsabilidade social perante a crise, em que foi anunciado o projecto Azul, foi feita por Helena Freitas, professora catedrática da Faculdade de Ciências e Tecnologias da Universidade de Coimbra e directora do Parque de Serralves, que começou por falar nos efeitos já visíveis das alterações climáticas e na mensagem “assustadora” do último relatório do Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas (IPCC). As conclusões deste relatório correm, aliás, “o risco de ser ofuscadas” pela guerra na Europa, mas “deve ser debatido e levado muito a sério”. “O tempo está a esgotar-se” e a adaptação continua a ser inadequada. A pandemia de covid-19 expôs as nossas vulnerabilidades e “não podemos ter a certeza” de que a sociedade se conseguirá adaptar.

Comunicar para chegar aos cidadãos

Para os parceiros do Azul, é essencial que exista jornalismo de qualidade na área do ambiente e que a mensagem chegue realmente até às pessoas. “O facto de sermos parceiros no Azul mostra que não nos limitamos a actuar naquilo que é a nossa área de influência”, afirmou a directora do departamento de comunicação da Lipor, uma associação de gestão de resíduos parceira deste projecto. “O Azul faz todo o sentido na componente da comunicação, além da componente da educação”, afirmou, durante a conferência na manhã desta sexta-feira, no Salão Nobre da Universidade de Lisboa.

“A responsabilidade está do nosso lado: comunicamos de forma muito complexa e este projecto pode ter aqui uma capacidade de desconstrução, sendo um projecto honesto e rigoroso que explica de forma simples”, diz. Pode ter um “impacto muito positivo” se ajudar a resolver a lacuna de comunicação que considera existir entre as entidades decisoras e os cidadãos. Outra questão importante é chegar ao público mais jovem.

A economista Filipa Saldanha, da Fundação Calouste Gulbenkian, considera fulcral “consciencializar parceiros para uma sociedade que esteja alinhada com os objectivos de desenvolvimento sustentável” e perceber “como é que as organizações podem mudar internamente para ter menos impactos negativos no ambiente”. É aí que surge a parceria com o Azul. A “evidência científica de rigor” é uma das preocupações da Gulbenkian, diz, e os órgãos de comunicação social “são os que conseguem de forma mais eficaz estar próximo das pessoas”.

“Na questão dos valores estamos completamente alinhados quer para combater a desinformação, quer para informar de forma rigorosa, sem alimentar grandes extremismos como também acontece nas correntes ambientais”, refere Filipa Saldanha. Sem esquecer as questões socioeconómicas, até porque os que menos contribuem para as alterações climáticas são muitas vezes os que mais sofrem com elas.

Também a CEO da Sociedade Ponto Verde, Ana Isabel Trigo Morais, admite ser importante pensar-se no que podemos fazer para combater a crise climática, até porque “já estamos a sentir os efeitos”. Os recursos são finitos e esgotáveis, a neutralidade carbónica é um “grande desafio” e é preciso comunicar a preocupação com o planeta. “Estamos preocupados com muitas outras coisas, além da reciclagem. Se não continuarmos o trabalho de sensibilização será mais difícil fazermos o nosso trabalho” e cumprir as metas ambientais. É uma questão de cidadania, diz. O Azul poderá ajudar a fazer a ligação entre os temas e os hábitos do dia-a-dia

Já Nuno Ferrand, do projecto de investigação Biopolis, diz que o mundo em que vivemos hoje nada tem a ver com o mundo que existia há 100 anos, porque “melhorou em quase todos os aspectos”. Mas continua a haver desafios. É preciso gerir melhor os recursos que se têm à disposição e é preciso comunicar de forma eficaz. “Vamos melhorar a comunicação de ciência em Portugal, vamos fazer com que as pessoas percebam melhor o que se está a passar, mas também devíamos perceber que acabámos de assistir nestes dois anos”, incluindo a vacinação contra a covid-19. “Vai ser um projecto fantástico”, resume.

As conferências dos 32 anos do PÚBLICO podem ser acompanhadas online na plataforma Ao Vivo.