Geórgia vai apresentar já um pedido de adesão à União Europeia

O país do Cáucaso segue o exemplo da Ucrânia e torna-se a segunda ex-república soviética a dar este passo em menos de uma semana. O Governo tem sido criticado nas ruas e no Parlamento por não impor sanções económicas à Rússia, que invadiu o país em 2008.

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Irakli Kobakhidze, líder do partido que governa a Geórgia David Mdzinarishvili/Reuters

O líder do partido que governa a Geórgia anunciou esta quarta-feira que o país vai apresentar “amanhã” um pedido de adesão à União Europeia que estava previsto apenas para 2024.

Irakli Kobakhidze, presidente do Sonho Georgiano, anunciou em conferência de imprensa que a decisão tinha sido tomada tendo em conta “o contexto político geral e a nova realidade”. Tal como fez a Ucrânia na segunda-feira, a Geórgia vai pedir às instituições europeias que analisem o pedido “de forma urgente” e concedam ao país o estatuto oficial de candidato à adesão.

A confirmar-se, esta será a segunda ex-república soviética a pedir para entrar na União Europeia em menos de uma semana.

O Sonho Georgiano tinha planeado apresentar este pedido daqui a dois anos com “uma candidatura forte, assente em novas reformas”, mas mudou de ideias em poucas horas. Na terça-feira, depois de interpelado pela oposição a avançar já com o pedido de adesão à UE, à semelhança do que fez a Ucrânia no dia anterior, o mesmo Kobakhidze, citado pelo jornal Civil Georgia, tinha dito que “uma iniciativa apressada poderia ser contraproducente”.

A Geórgia votou a favor de uma resolução na ONU que condena a invasão russa da Ucrânia, mas o primeiro-ministro Irakli Garibashvili rejeitou impor sanções à Rússia que, a seu ver, teriam pouco impacto no país vizinho e grande no seu. Um relatório divulgado esta quarta-feira pela Transparency International revela que a dependência económica da Geórgia face à Rússia aumentou em 2021, representando 6,7% do PIB.

Também na terça-feira, milhares de pessoas estiveram à porta do Parlamento, em Tbilissi, a protestar contra a guerra na Ucrânia e a exigir a demissão do Governo pelo que consideram ser uma posição inaceitável face ao conflito. O Presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, decidiu mesmo chamar a Kiev o seu embaixador na Geórgia para uma consulta sobre a “posição imoral” de Tbilissi.

Em 2008, depois de ter bombardeado e entrado na capital da Ossétia do Sul, uma região separatista, a Geórgia foi alvo de uma invasão pela Rússia, que ainda hoje mantém presença militar nas autoproclamadas repúblicas independentes da Abecásia e da Ossétia do Sul, que não são reconhecidas nem por Tbilissi nem por grande parte da comunidade internacional.

Actualmente há cinco países oficialmente candidatos à entrada na UE: Turquia, Sérvia, Montenegro, Macedónia do Norte e Albânia. O Parlamento Europeu aprovou na terça-feira uma resolução que apela a que esse estatuto seja concedido também à Ucrânia. Mas, ao mesmo tempo, os líderes das instituições europeias frisaram que um processo de adesão é longo e complexo.

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