Barril de petróleo mantém ritmo de subida e passa os 110 dólares

Subida do petróleo é uma ameaça para a economia mundial, e o gás natural estava a subir mais de 30% esta manhã. Banco russo Sberbank saiu do mercado europeu.

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Preços do petróleo têm vindo a subir desde o início da Guerra Reuters/PASCAL ROSSIGNOL

A invasão russa na Ucrânia, que já provocou diversas vítimas, continua a causar perturbações nos mercados, com destaque para os preços dos produtos energéticos. Esta quarta-feira de manhã, o barril de petróleo (Brent) estava nos 111 dólares, uma subida de 5,8% face ao valor de ontem. O valor chegou a passar os 113 dólares, mas depois foi descendo até ao patamar dos 110 dólares, e, pelas 15h30, estava nos 110,03 dólares.

De acordo com o FT, que cita uma análise da consultora Energy Aspects, a Rússia estava com dificuldades para encontrar clientes para 70% do seu petróleo. Como se fosse uma “sanção auto-imposta”, já que a energia tem ficado fora das sanções aplicadas à Rússia, refinarias, bancos e embarcadores têm evitado negócios, seja por convicção seja por questões de segurança (no caso dos navios). Depois das petrolíferas BP e Shell terem dito que estavam de saída do mercado russo, foi a vez da ExxonMobil anunciar o seu afastamento.

A subida do preço do crude terá impactos nos produtos derivados, como é o caso da gasolina, gasóleo e jetfuel, afectando a economia. O discurso do presidente norte-americano Joe Biden, que acompanhou a União Europeia em matérias como o fecho do espaço aéreo à aviação russa, isolando mais este país, e no congelamento de activos, foi outro suporte para a subida do custo do preço do barril.

O preço do gás natural também sofreu uma subida acentuada esta quarta-feira, com o valor de referência do TTF referente aos contratos de Abril a subirem 35% para os 164,1 euros. Pelas 15h30, o valor estava nos 153 euros (+26%).

O preço do Brent “é o maior receio do mercado de capitais”, afirmou ao Financial Times (FT) Maarten Geerdink, responsável da empresa holandesa de investimentos NN Partners. “Se disparar até aos 150 dólares ou mais por barril, então o crescimento [económico] será seriamente afectado”.

Além da sua forte posição no gás (abastece cerca de 40% das necessidades da Europa), a Rússia é actualmente o terceiro maior produtor de petróleo, depois da Arábia Saudita e dos EUA. E, conforme nota o FT, a Europa é o maior cliente do crude russo, ficando com 53% da produção total. Para já, o mercado não parece ter ficado muito entusiasmado com a promessa de diversos países, EUA incluídos, de colocar no mercado 60 milhões de barris de petróleo das suas reservas. Analistas e pessoas ligadas ao sector contactados pelo FT consideraram que a medida, de efeito único, é pouco relevante em caso de disrupção do abastecimento russo.

Esta quarta-feira, os países membros da OPEP e outros produtores, como a Rússia, vão reunir-se por vídeo conferência para analisar os níveis de produção. O que tem estado em cima da mesa é o incremento de 400 mil barris por dia, e, segundo o FT, essa fasquia não deverá ser alterada em Abril apesar da actual conjuntura.

Nas bolsas europeias a pressão negativa mantém-se esta quarta-feira, mas sem grandes oscilações, com os investidores em compasso de espera. Depois de o japonês Nikkei ter caído 1,7% e de o chinês CSI 300 ter perdido 0,9%, o alemão DAX descia 0,42% esta manhã, enquanto o inglês FTSE 100 subia 0,65%. Já o índice STOXX Europe 600 seguia com uma descida ligeira de 0,09%.

As acções dos bancos estavam entre as mais penalizadas, principalmente as instituições financeiras com mais exposição ao mercado russo, como o austríaco Raiffeisen Bank International (que, de acordo com a Reuters, está a ponderar sair da Rússia, transformando-se no primeiro banco a tomar tal posição), o ING e o Societe Generale. Activos de refúgio, como as obrigações alemãs, estão novamente a ser mais procurados.

A bolsa de Moscovo voltou a ficar fechada, pelo terceiro dia consecutivo, e um dos seus principais bancos, o Sberbank, saiu do mercado europeu. De acordo com a Reuters, as operações europeias da instituição financeira russa encerraram durante a noite, depois de uma ordem nesse sentido do Banco Central Europeu (BCE), que já avisara para o risco de falência do banco devido a uma corrida aos depósitos. O Sberbank estava na Áustria, Alemanha, Croácia e Hungria, com activos avaliados em cerca de 13 mil milhões de euros na Europa Ocidental no final de 2020.

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