Nicola Benedetti será a primeira mulher (e a primeira escocesa) a dirigir o Festival de Edimburgo
A violinista substitui Fergus Linehan, que ainda programou a edição comemorativa dos 75 anos do festival, a decorrer em Agosto.
A violinista escocesa Nicola Benedetti vai suceder ao gestor cultural irlandês Fergus Linehan como directora do Festival Internacional de Edimburgo, tornando-se não apenas a primeira mulher, mas também a primeira escocesa a exercer o cargo desde que o festival, um dos maiores do mundo, foi criado em 1947.
“Sinto-me profundamente honrada por contribuir para a longa e rica história do Festival Internacional de Edimburgo e da paisagem cultural da Escócia”, reagiu Benedetti, lembrando que a instituição que agora vai dirigir, criada após a Segunda Guerra Mundial, “foi fundada em princípios de reconciliação e no ideal de que a arte transcenda as fracturas políticas e culturais”.
O Festival de Edimburgo, dedicado à ópera, ao teatro, à música e à dança, realiza-se anualmente nas três últimas semanas de Agosto, quando a capital da Escócia chega a receber um milhão de visitantes, e a edição deste ano, ainda programada por Fergus Linehan, promete celebrar em grande os 75 anos do festival, num momento em que a atenuação dos riscos da pandemia de covid-19 volta a permitir que as pessoas se encontrem em grandes acontecimentos culturais colectivos.
Nascida na Escócia de pai italiano e mãe italo-escocesa, Nicola Benedetti irá assumir as suas novas funções em Outubro, tornando-se, aos 34 anos, um dos mais jovens directores de sempre do Festival de Edimburgo. E ao contrário dos seus predecessores mais próximos, não tem experiência na direcção de grandes festivais, observa o jornal The Guardian, “mas construiu uma significativa reputação como educadora de artes e embaixadora da música clássica, particularmente junto de jovens músicos e de escolas”.
Ela própria começou a tocar violino aos quatro anos e aos 16, em 2004, venceu o prémio BBC para melhor jovem músico do ano. Com uma extensa discografia e uma carreira premiadíssima, tornou-se em 2017 a mais nova das 12 pessoas que até hoje receberam a Queen’s Medal for Music.
Benedetti usa um violino Stradivarius de 1717, estimado em dois milhões de dólares, que lhe foi emprestado em 2012 pelo banqueiro londrino Jonathan Moulds, e o seu extenso reportório vai do barroco a composições contemporâneas. A sua interpretação de um concerto para violino do trompetista de jazz e compositor Wynton Marsalis foi premiada com um Grammy em 2020.
O presidente do conselho de administração do Festival de Edimburgo, Keith Skeoch, saudou a nomeação de Nicola Benedetti, afirmando que, “em muitos sentidos”, a violinista “reflecte o espírito” do festival: “Internacionalmente reconhecida e respeitada, mas escocesa até ao âmago, tem-se dedicado a apoiar a grande criação musical e a encontrar formas inovadoras de a trazer ao público.”