Portugal já está a identificar oportunidades de trabalho para refugiados ucranianos
Será assegurada “a concessão imediata de vistos para todos aqueles que sejam familiares, amigos ou conhecidos de residentes em Portugal e queiram desde já residir em Portugal”
O primeiro-ministro português, António Costa, revelou esta sexta-feira em Bruxelas que Portugal está já a identificar oportunidades de postos de trabalho concretas para refugiados ucranianos, e disse esperar que a União Europeia não repita os erros de anteriores crises humanitárias.
“Fui um dos membros do Conselho que chamou a atenção para que a Europa não deve repetir agora a situação de impreparação que já revelou no passado, perante crises humanitárias que se afiguram claramente previsíveis. E, portanto, deve desde já preparar os mecanismos de acolhimento”, disse o chefe do Governo esta madrugada, no final de uma cimeira extraordinária de líderes dos 27 iniciada na quinta-feira à noite para debater a agressão militar da Rússia à Ucrânia.
Sublinhando que Portugal reafirmou a sua total disponibilidade para “partilhar com todos os outros Estados-membros” a “obrigação de assegurar protecção internacional a todos”, o primeiro-ministro lembrou que, “no caso concreto dos ucranianos, Portugal tem uma experiência muito positiva com a extraordinária comunidade ucraniana que já há quase 20 anos reside” no país.
“O senhor ministro de Estado, da Economia e Transição Digital e a senhora ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social têm estabelecido contactos com um conjunto vasto de empresas para a identificação de oportunidades de postos de trabalho em concreto”, revelou. Desse modo, Portugal está em condições, através do Instituto do Emprego e de Formação Profissional, “de poder também fornecer os dados para o perfil profissional adequado às diferentes oportunidades de trabalho, que neste momento existem felizmente em Portugal e que são fundamentais, aliás, para apoiar a retoma da economia portuguesa”.
Relativamente ao acolhimento de refugiados, António Costa disse que Portugal defende, como defendeu no passado, “relativamente a outros refugiados, que deve ser respeitado o principio da solidariedade europeia, que todos os Estados-membros se devem disponibilizar e que os Estados que, pela sua proximidade geográfica, por terem uma fronteira comum, serão naturalmente os primeiros a serem solicitados na protecção internacional - neste caso concreto, com toda a probabilidade será a Polónia”.
Quanto a Portugal, reiterou que será assegurada “a concessão imediata de vistos para todos aqueles que sejam familiares, amigos ou conhecidos de residentes em Portugal e queiram desde já residir em Portugal”, tendo sido já “dadas instruções nesse sentido” aos serviços consulares e embaixadas “quer na Ucrânia, quer nos países limítrofes”.
A Rússia lançou na madrugada de quinta-feira uma ofensiva militar em território da Ucrânia, com forças terrestres e bombardeamento de alvos em várias cidades, que já provocou pelo menos meia centena de mortos, dez dos quais civis, segundo Kiev. O Presidente russo, Vladimir Putin, afirma que a “operação militar especial” na Ucrânia visa “desmilitarizar e desnazificar” o seu vizinho e que era a única maneira de o país se defender, precisando o Kremlin que a ofensiva durará o tempo necessário, dependendo dos seus “resultados” e “relevância”.
O ataque foi de imediato condenado pela generalidade da comunidade internacional e motivou reuniões de emergência de vários governos, incluindo o português, e da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO), União Europeia e Conselho de Segurança das Nações Unidas. Segundo dados do Alto Comissariado da ONU para os Refugiados, pelo menos 100 mil pessoas já abandonaram as suas casas na Ucrânia devido à invasão russa e vários milhares cruzaram as fronteiras rumo a países vizinhos.