Fogos podem vir a ser combatidos por helis velhos
Força Aérea Portuguesa lançou um concurso destinado à compra de aeronaves para combate a incêndios que permite a aquisição de aparelhos com 35 anos.
A Força Aérea Portuguesa lançou um concurso destinado à compra de helicópteros para combate a incêndios que permite a aquisição de aparelhos com 35 anos.
Segundo o semanário Expresso, está prevista a compra de seis helis médios e outros tantos ligeiros, pelos quais o Estado poderá pagar um máximo de 69,3 milhões de euros. No caso dos primeiros o caderno de encargos admite que sejam comprados aparelhos fabricados em 1987.
De acordo com o jornal, há vários os especialistas em helicópteros militares a dizerem que o Estado se arrisca a comprar “sucata” e a gastar dinheiro em vão, como aconteceu com os helicópteros pesados russos Kamov – parados há anos, com problemas de manutenção. Outras fontes, de militares no activo, alegam que a carcaça dos aparelhos pode ser antiga, mas a aeronave deve estar modernizada.
Segundo fontes políticas e militares este orçamento não chegaria para comprar helicópteros novos, além de que seria difícil garantir um prazo de entregas apertado, até 2026, se o Estado quisesse aparelhos a estrear. O gabinete do chefe do Estado-Maior da Força Aérea, porém, justifica esta opção dizendo que os helicópteros ligeiros actualmente usados no combate aos incêndios “têm uma média de idades de 16 anos, e os helicópteros médios de 44 anos”.
Os prazos de garantia dos equipamentos varia consoante a sua idade: no caso de serem novos, é de dois anos; mas nos usados é de apenas um. Um problema que a Força Aérea explica decorrer da própria lei: “Quanto a prazos de garantia, a legislação aplicável aos bens de consumo confere a possibilidade de ser mais reduzida para os bens usados”.
Estas aquisições serão financiadas por verbas europeias do Programa de Recuperação e Resiliência e pelo programa RescUE.
Numa audição parlamentar realizada no ano passado, o chefe do Estado-Maior da Força Aérea cessante, o general Joaquim Borrego, queixou-se das “lacunas persistentes no que diz respeito aos recursos humanos, materiais e financeiros” que afectavam este ramo das Forças Armadas. E admitiu haver uma “reduzida prontidão dos meios aéreos”, resultante “do subfinanciamento para a operação” das aeronaves.