Algarve garante abastecimento público de água por mais dois anos

A prioridade vai para o consumo doméstico e os campos de golfe vão passar a reutilizar as águas residuais na rega dos relvados.

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Volume das barragens algarvias dá para mais dois anos de abastecimento público EVA CARASOL / PUBLICO

O volume de água armazenado nas barragens algarvias garante o abastecimento público por mais dois anos quer chova ou não. A garantia foi dada esta quarta-feira pelo vice-presidente da Agência Portuguesa do Ambiente (APA), José Pimenta Machado, em Lagos, após uma reunião com autarcas e representantes das associações de regantes e do turismo, em Lagos. As medidas previstas, por enquanto, limitam-se à continuação da suspensão do regadio a partir da Barragem da Bravura e à proibição de furos nas zonas mais críticas da região. A produção de energia nas cinco barragens da EDP “será reavaliada [a partir de Fevereiro], em função do evoluir da situação” do estado da seca, disse o responsável.

O presidente da Comunidade Intermunicipal do Algarve (Amal), António Pina, aproveitou o final do encontro para declarar aos jornalistas que “a dessalinização e a ligação ao Pomarão serão uma realidade”, mas só em 2025. Os municípios vão decidir, a 17 de Março, que medidas serão tomadas para mitigar os efeitos da seca. Além das campanhas de sensibilização e da redução dos espaços relvados, vão ser discutidas as obras de substituição das velhas canalizações no abastecimento às cidades. No horizonte está um pacote de 200 milhões de euros, previstos no Plano de Recuperação e Resiliência, para concretizar projectos estruturantes que garantam a sustentabilidade de uma região, com cada vez menos recursos hídricos, em contraciclo com os consumos cada vez maiores no sector turístico e na agricultura.

A política da reutilização das águas residuais na rega dos campos de golfe, desta vez, parece ser mais do que uma promessa. “Vamos multiplicar por oito a reutilização da água das Estações de Tratamento de Águas Residuais (ETAR) até 2025”, garantiu José Pimenta Machado, adiantando que, actualmente são utilizados um milhão e 100 mil metros cúbicos na manutenção dos relvados. A legislação actual não obriga a que os campos de golfe tenham de reutilizar água na rega, mesmo nos mais recentes empreendimentos. A zona do barlavento algarvio - concelhos de Lagos, Vila do Bispo e Aljezur - é a que se encontra em situação mais critica.

O perímetro de rega da barragem da Bravura está com apenas 14% de volume água e por isso passou para uso exclusivo ao consumo humano, o que tem motivado queixas dos agricultores que se vêem impedidos de recorrer à água desta estrutura. “A situação vai ser avaliada todos os dias”, afirmou José Pimenta Machado, procurando suavizar as críticas dos agricultores, que saíram insatisfeitos do encontro.

Nos afluentes do rio Guadiana, as barragens de Odeleite/Beliche estão com um “volume morto” de 15 milhões de metros cúbicos. A empresa Águas do Algarve está a lançar uma obra que irá permitir até final do ano, recuperar essa massa de água para reforçar o sistema intermunicipal da região. No que diz respeito à proibição de produção de electricidade a partir das barragens da EDP, que o Observador noticiou esta quarta-feira que se irá prolongar até final do Verão (Setembro), Pimenta Machado afirmou: “Não consigo antecipar isso”. A suspensão, sublinhou, “mantém-se e será reavaliada, em função do evoluir da situação”. A comissão da gestão das albufeiras da zona sul, prossegue esta quinta-feira em Évora a ronda que vai ser feita em todo o país nos próximos dias, para avaliar a situação da seca e as medidas de contingência a aplicar. O Algarve conheceu já episódios de grande severidade da falta água em 1943/1945, 1980/1983 e 2004/2006.

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