Putin promete decisão breve sobre reconhecimento pedido pelos separatistas de Donetsk e Lugansk

Moscovo diz que abateu cinco “sabotadores ucranianos” na região de Rostov, alegação desmentida pelo Governo de Kiev.

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Vladimir Putin durante a reunião do Conselho de Segurança Nacional Reuters/SPUTNIK

O Presidente da Rússia, Vladimir Putin, deixou escapar a possibilidade de reconhecer a soberania das administrações rebeldes no leste da Ucrânia, uma iniciativa contra a qual já foi alertado pelos governos ocidentais e que esta segunda-feira foi novamente reivindicada pelos separatistas de Donbass.

Putin nega qualquer responsabilidade na actual escalada do conflito esta segunda-feira, durante uma reunião do Conselho de Segurança Nacional, afirmou que o seu Governo tem feito “tudo o que é possível” para resolver os problemas por meios pacíficos.

Ainda assim, responsáveis militares russos, citados pela agência Interfax, dizem ter abatido cinco pessoas num confronto armado contra um grupo de “sabotadores ucranianos”. Acrescentaram ainda que estes confrontos ocorreram por volta das seis da manhã em zonas fronteiriças e que vários veículos ucranianos ficaram também destruídos. Nenhuma baixa foi apontada entre as forças militares russas.

A Ucrânia, contudo, já veio desmentir a alegação da Rússia. As autoridades ucranianas afirmaram não ter quaisquer forças militares na zona de Rostov e desmentiram também a acusação de que um grupo ucraniano teria atacado uma base russa no mesmo local.

O Presidente russo tem vindo a questionar as políticas do Ocidente, enquanto continua a exigir garantias de segurança para descartar potenciais ameaças em território russo. Moscovo ainda não recebeu uma resposta satisfatória às garantias que exige e não descarta novas abordagens.

Nesse sentido, Putin destacou, durante a reunião do Conselho de Segurança Nacional, que os “problemas” em “garantir a segurança”, especialmente na Europa, também estão relacionados à suposta soberania das regiões rebeldes do leste da Ucrânia. Putin garantiu ao que ouvirá as suas opiniões sobre o reconhecimento da independência de ambas as regiões, abrindo assim as portas para um novo cenário.

Os rebeldes das autoproclamadas administrações de Donetsk e Lugansk pediram abertamente a Putin que tome a iniciativa e reconheça a independência dos territórios, conforme proposto na semana passada pela Câmara Baixa do Parlamento russo. Os Estados Unidos, a NATO e a UE já alertaram que seria uma linha vermelha na actual escalada de tensões.

Os líderes separatistas de Donetsk, Denis Pushilin, e Lugansk, Leonid Pasechnik, acreditam que é necessário que Moscovo lhes conceda um novo estatuto para proteger a população e as infra-estruturas civis da “agressão” do Exército ucraniano. Pushilin até levantou a possibilidade de fortalecer a cooperação em defesa, segundo a agência de notícias Sputnik.

Os rebeldes controlam grande parte da região de Donbass desde 2014, em grande parte como resultado do apoio recebido da Rússia. Durante estes últimos dias, acusaram Kiev de ordenar novos atentados indiscriminados, em críticas semelhantes às expressas, mas em sentido contrário, pelo Governo da Ucrânia.

Moscovo convocou Kiev para dialogar directamente com os rebeldes, algo que as autoridades ucranianas sempre descartaram, optando por formatos de negociação internacional como o chamado formato da Normandia que, para além da Ucrânia e da Rússia, inclui a França e a Alemanha.

O ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Serguei Lavrov, anunciou na presença de Putin que se irá reunir na quinta-feira em Genebra com seu homólogo dos Estados Unidos, Antony Blinken, para tentar para diminuir as tensões. Nesta segunda-feira também ficou conhecido um acordo de princípio para uma cimeira entre Putin e o presidente dos EUA, Joe Biden.

O chefe da diplomacia russa assinalou que há “progressos nos contactos com as autoridades ocidentais em questões de segurança. “Não são substanciais, mas existem”, declarou.

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