FC Porto sabia por onde derrubar o Moreirense
Numa semana em que Rúben Amorim colocou o futebol nacional a falar de escolas e universidades, o FC Porto mostrou que foi um “aluno” que estudou bem a lição para defrontar o Moreirense. O Sporting volta a estar a seis pontos e o Benfica já está a 12.
O FC Porto bateu neste domingo o Moreirense (1-0), em partida da jornada 23 da I Liga. Com este resultado, os “dragões” recolocam em seis pontos a vantagem para o Sporting e deixam o Benfica (que empatou) já a acima da barreira mental dos dez pontos – são já 12 de atraso.
Numa semana em que Rúben Amorim colocou o futebol nacional a falar de escolas e universidades, o FC Porto mostrou que foi um “aluno” que estudou bem a lição para defrontar o Moreirense.
Na antevisão da partida falou-se de o Moreirense ser a equipa da I Liga com pior percentagem de acerto no passe, algo que seria música para os ouvidos portistas, tal é a força da equipa de Conceição na recuperação de bolas em zonas adiantadas. Dito e feito.
Aos 40’, houve bola recuperada em zona adiantada – notou-se a inclusão de muitos jogadores na pressão –, Taremi lançado em profundidade pela esquerda e, depois de ultrapassar Artur Jorge (que teve de esfriar os ímpetos por já ter amarelo), o iraniano assistiu Evanilson para um golo fácil de marcar e fácil de prever pelas estatísticas.
Logo a seguir o VAR ainda reverteu um penálti inicialmente atribuído ao Moreirense e essa decisão, certa ou errada do ponto de vista técnico (análise para Pedro Henriques nesta segunda-feira), dava alguma lógica ao jogo: os minhotos pouco tinham feito para terem uma oportunidade de golo tão clara e muito menos para chegarem ao empate.
Isto porque a primeira parte foi amplamente dominada pelo FC Porto, que subjugou o Moreirense durante quase todo o tempo, circundando a área minhota. Apesar desse domínio claro e permanente, houve, porém, alguma incapacidade de variar as soluções ofensivas.
Aos 15’ houve uma bola entre linhas entre Vitinha e Taremi (remate do iraniano para defesa de Pasinato) e aos 20’ entre Vitinha e Fábio Vieira (jogada estudada num livre, que deu remate para fora), mas a equipa portista teve quase sempre dificuldades em penetrar no bloco adversário.
Com Otávio à esquerda e Fábio Vieira à direita (ainda que fugisse bastante dessa posição), o FC Porto afunilou muito o jogo. E os passes interiores e os apoios frontais são mais eficazes quando maior for o espaçamento da equipa, dando aos jogadores entre linhas mais tempo e espaço para decidirem.
O Moreirense podia, portanto, ter a defesa bem fechada e compacta, já que não existiam jogadores como Luis Díaz (já partiu para Inglaterra), Pepê ou Galeno, capazes de obrigarem os minhotos a esticarem mais a defesa, com laterais mais abertos.
Esta solução apareceu precisamente aos 31’, quando Fábio Vieira, em zona central, desmarcou Evanilson, que tinha feito um movimento em largura, abrindo a defesa do Moreirense – o lance acabou com defesa de Pasinato.
Este “clique” pelo sucesso na exploração da largura poderá ter levado Sérgio Conceição a pedir mais profundidade aos laterais, sobretudo Zaidu, que acabou a primeira parte claramente mais ofensivo, criando, por extensão, espaços em zonas centrais.
A segunda parte trouxe um jogo bastante mais desinteressante, com o FC Porto a controlar a partida com bola, sendo bastante menos acutilante e criativo em zonas ofensivas. O Moreirense, com uma equipa preparada para o momento defensivo, pouco conseguiu fazer para mudar o rumo do jogo.
Conta-se uma grande oportunidade de golo aos 71’ – novamente Vitinha a “inventar”, desta vez para finalização de Taremi e mais uma defesa de Pasinato –, mas a partida foi, globalmente, mal jogada.
Aos 79’, o médio sérvio Grujic, recém-entrado, garantiu que só estaria 13 minutos em campo, vendo o segundo amarelo em poucos minutos. Na sequência da falta cometida por Grujic houve livre de André Luís à trave.
Era momento para reacção minhota, mas o capitão Steven Vitória, de 35 anos, tinha planos diferentes, deixando o Moreirense a jogar com dez por protestar de forma veemente um amarelo que lhe foi exibido – o árbitro Luís Godinho mostrou os dois de seguida, aos 85’.
Nada de diferente se passou a partir daí. Um jogo de mais luta do que futebol manteve-se dessa forma até ao apito final, apesar de Diogo Costa ainda ter tido a possibilidade de salvar o FC Porto aos 90+3’, num remate de Lacerda.