A Lei de Murphy
Rogério Carvalho optou pelo conservadorismo na sua criação, de certo modo privilegiando a forma sobre a substância, assim apresentando uma peça bonita, agradável de ver, todavia incapaz de ultrapassar o óbvio e de encontrar um discurso cénico original.
O desejo, o amor e o poder, principalmente quando derivam de deuses, há muito que são usados, ora como sujeitos, ora como pretextos, para ajudar a reflectir o que trazem por arrasto. Coisas como a virtude ou a lealdade, ou a relação com o divino, ou a inocência e a manipulação, ou o lugar socialmente destinado à mulher nas sociedades patriarcais, ou o sacrifício, ou o despotismo e a injustiça simples e crua tornaram-se temas correntes, a bem dizer, desde que o teatro é teatro e, nos melhores casos, universalizaram-se, resistindo ao tempo, vivendo se calhar para além dele, como acontece a esta peça estreada em 428 a. C. que a encenação, como quem não quer a coisa, procura aproximar da actualidade.
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