Diogo Infante enquanto actor em crise de meia-idade
Quando Noël Coward escreveu O Amor É Tão Simples, criou uma personagem à sua medida. Agora, o actor e encenador coloca-se nesse mesmo lugar de meia-idade, reflectindo sobre o teatro e o lugar que nele ocupa. Até 3 de Abril, no Teatro da Trindade.
Guilherme de Andrade (Diogo Infante) é um actor de enorme sucesso e rodeado de gente que o lembra constantemente disso. E que, em rigor, também se alimenta dessa condição. Só que nem os favores do público, nem a idolatria de que é alvo podem estancar a passagem do tempo. Daí que, logo nos primeiros minutos de O Amor É Tão Simples (Present Laughter, no original), texto do dramaturgo britânico Noël Coward, a assistente pessoal de Andrade (Rita Salema) e a sua última fugaz e descartável conquista (Gabriela Barros) exponham, desde logo, a crise de meia-idade que o actor atravessa, quando se comenta o recorrente desabafo daquele, sentindo que “a vida está a passar por ele”. Pouco depois, quando Guilherme de Andrade finalmente desperta de mais uma noite de adoração, olha-se ao espelho e vê-se como se tivesse 98 anos. “Tenciono envelhecer com dignidade”, promete a si mesmo.
O contributo do PÚBLICO para a vida democrática e cívica do país reside na força da relação que estabelece com os seus leitores.Para continuar a ler este artigo assine o PÚBLICO.Ligue - nos através do 808 200 095 ou envie-nos um email para assinaturas.online@publico.pt.