Organização ambiental considera Açores “oásis” para os cetáceos e identifica 28 espécies

Num relatório divulgado esta quinta-feira, para assinar o Dia Mundial das Baleias, a organização, que actua nas áreas da conservação, investigação e recuperação ambiental, destaca a “elevada produtividade da dinâmica oceânica” do arquipélago.

Foto
Identificadas no arquipélago 28 espécies de cetáceos, incluindo as duas maiores baleias migratórias do mundo JIM CORNALL/CENTRO HUNTSMAN DE CIÊNCIA MARINHA

A organização não-governamental internacional World Wide Fund for Nature (WWF) considerou o arquipélago como “um oásis no meio do Atlântico Norte para uma série de cetáceos” e identificou no arquipélago 28 espécies.

Num relatório divulgado esta quinta-feira, para assinar o Dia Mundial das Baleias, a organização, que actua nas áreas da conservação, investigação e recuperação ambiental, destaca a “elevada produtividade da dinâmica oceânica” do arquipélago, apresentado como “uma das zonas geográficas com maior diversidade de mamíferos marinhos a nível mundial”.

O documento resulta de uma análise colaborativa de 30 anos de dados científicos compilados por mais de 50 grupos de investigação, com cientistas marinhos líderes da Universidade Estadual do Oregon, Universidade da Califórnia em Santa Cruz, Universidade de Southampton, Universidade dos Açores, entre outros. De acordo com a WWF, foram identificadas no arquipélago 28 espécies diferentes, incluindo as duas maiores baleias migratórias do mundo (a baleia-azul e a baleia-comum).

O especialista em oceanos Nuno Barros, da ANP (Associação Natureza Portugal)/WWF, refere que “o paradigma moderno da conservação marinha (e não só) é o de proteger o património natural para benefício das pessoas e do planeta, numa lógica de bem comum”. “Portugal tem aqui uma responsabilidade acrescida pois no que ao mar diz respeito: muito deste bem comum cai dentro da sua área de jurisdição. Mais de 90% de Portugal é mar, e deste, cerca de 60% é mar dos Açores”, frisa o especialista.

Nuno Barros explica que “quando as correntes submarinas encontram ilhas, as águas frias mas ricas em nutrientes dos fundos são forçadas a subir”. Por outro lado, “quando estas encontram a luz do Sol, dá-se a manifestação de vida, que como em quase tudo no mar, começa nas algas microscópicas, que produzem grande parte do ar que respiramos e acaba nos grandes predadores, neste caso as baleias e os golfinhos”. Nos Açores, “esta dinâmica é complexa e muito produtiva”.

O facto de se situar ao longo da maior cordilheira submarina do Atlântico, numa zona geográfica temperada mas influenciada por correntes subtropicais, “confere ao arquipélago uma grande riqueza específica”. De acordo com a WWF, as ilhas dos Açores funcionam como uma espécie de “estações de serviço” para o fluxo da megafauna marinha para e pelo meio do Atlântico.