Portugal vai ter mais uma “Algarvia” muito estrangeira

Vão estar na Volta ao Algarve a INEOS, a Quick-Step ou a Jumbo. Vão pedalar Evenepoel, Thomas e McNulty. Vão contar histórias o Eurosport, a SKY Sports ou o L’Équipe. A “algarvia” continua a ser uma corrida muito estrangeira a juntar no Sul boa parte da nata do ciclismo mundial.

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O pelotão da Volta ao Algarve LUÍS FORRA

Quando é corrida no seu período habitual – algo que a pandemia impediu em 2021 –, a Volta ao Algarve em bicicleta junta no Sul do país boa parte da nata do ciclismo internacional. Por lá estarão a INEOS, a Quick-Step e a Jumbo. Ou Evenepoel, Thomas e McNulty. Ou até mesmo o Eurosport, a SKY e o L’Équipe. É, sobretudo, por isto que a “Algarvia”, apesar de mais curta e menos entranhada na tradição nacional, acaba por ser tão ou mais relevante do que a Volta a Portugal, habitualmente “entalada” em Agosto entre o Tour e a Vuelta.

Nesta quarta-feira, em Portimão, arranca a 48.ª edição da prova portuguesa que mais estrelas do ciclismo traz ao país, desta vez com dez equipas do World Tour a pedalarem até ao Alto do Malhão, no domingo.

Ser corrida em Fevereiro é a chave do sucesso da “Algarvia”, que oferece novamente, em 2022, um percurso de média dificuldade, ideal para testar pernas em início de temporada. Os portugueses lamentarão a ausência de João Almeida, grande nome do ciclismo nacional, mas o português estará, ao lado de Tadej Pogacar, numa das “concorrentes” da Volta ao Algarve, a Volta aos Emirados.

Não há Almeida nem Pogacar, mas há Geraint Thomas, Remco Evenepoel, Brandon McNulty, Ethan Hayter, Thomas Pidcock, Michal Kwiatkowski, Sergio Higuita, Tobias Foss ou David Gaudu. Além de uma enumeração de potenciais vencedores, esta última frase significa também o nublar das pretensões dos portugueses.

João Rodrigues mostrou, em 2021, ser o mais capaz do pelotão nacional em provas de dureza intermédia, mas fê-lo num contexto específico, com a “Algarvia” privada de um lote tão forte de candidatos – por culpa da pandemia, a prova aconteceu em Maio, muito perto do Giro. Em 2022, o corredor da W52-FC Porto nem sequer estará na corrida (efeitos da covid-19), pelo que os portugueses mais capazes serão, no papel, Amaro Antunes (W52-FC Porto) e Frederico Figueiredo (Glassdrive Anicolor).

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Etapas da Volta ao Algarve PÚBLICO

Mais do que a forte concorrência, o próprio percurso parece ser, em 2022, pouco indicado para os predicados dos dois portugueses. Fortes em terrenos montanhosos e apenas medianos no contra-relógio, ambos deverão acabar a prova a lamentar os 32,2 quilómetros de “crono” desenhados pela organização (a corrida tem tido sempre cerca de 20) – e passa também por aí o interesse de nomes como Thomas e Evenepoel virem a esta corrida, podendo testarem-se na vertente que tanto estimam.

O campeão do Tour 2018 e o prodígio belga são mesmo os mais claros candidatos ao triunfo, algo que seria um “hat-trick” no caso do britânico (triunfou em 2015 e 2016) e um “bis” no caso do belga (venceu em 2020).

Para Remco Evenepoel, esta “Algarvia” é o início de um ano de “sim ou sopas” para um jovem belga que espantou o ciclismo mundial em 2020, mas teve, em 2021, lesões graves que lhe condicionaram a afirmação definitiva, depois de uma ascensão meteórica.

Brandon McNulty, Tobias Foss e David Gaudu surgem, em tese, num segundo plano de favoritismo, mas com legítima esperança de vencerem a corrida, até pela indefinição natural acerca dos momentos de forma dos ciclistas nesta fase da época.

Além de oferecer montanha aos trepadores e contra-relógios aos especialistas nesse pelouro, a “Algarvia” tem também a preocupação de dar palco aos velocistas. Com duas etapas pensadas para finais ao sprint, a organização seduziu Fabio Jakobsen, Pascal Ackermann, Tim Merlier, Alexander Kristoff e Bryan Coquard a viajarem até ao Sul de Portugal.

E de portugueses, como estamos? Enquanto os velocistas da Emirates Rui e Ivo Oliveira vêm a Portugal ajudar Ackermann e André Carvalho será domestique de Ion Izaguirre na Cofidis, o sprinter Iúri Leitão deverá ter, na Caja-Rural, alguma liberdade para fazer pela vida em nome próprio, essencialmente em finais rápidos.

No lote de equipas portuguesas – são dez em 25 – haverá, em teoria, muita vontade de mostrar serviço, sobretudo com corredores predispostos a mexerem nas etapas e tentarem a sorte com fugas e/ou ataques de longe.

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