“Um claro sinal de recuperação”: mais 83,8 milhões de bilhetes de cinema vendidos na Europa em 2021

Recuperação em relação ao ano negro de 2020 estima-se nos 28% entre os 27 países da União Europeia e o Reino Unido. Europeus foram mais ao cinema e Portugal está acima da média no regresso às salas.

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Daniel Craig na sua despedida de James Bond em 007: Sem Tempo Para Morrer DR

O gráfico é mais uma ilustração das mudanças abruptas que a pandemia trouxe, neste caso aos cinemas europeus e do Reino Unido: duas linhas estáveis lá em cima, até que em 2019 subiam um pouco mais; e depois, o desastre. Agora, essas linhas que mostram como a frequência de cinemas na União Europeia a 27 e no Reino Unido colapsou de mil milhões de bilhetes vendidos para meros 299 milhões em 2020 — voltaram a subir. Pouco, mas é já uma recuperação de 28%, estima o Observatório Europeu do Audiovisual (OEA), conquistada no ano passado.

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Observatório Europeu do Audiovisual

“Um claro sinal de recuperação para o sector da exibição”, escreve o OEA no seu relatório divulgado esta terça-feira, aproveitando o decorrer do Festival de Cinema de Berlim. Em 2021 foram comprados mais 83,1 milhões de bilhetes do que em 2020 nos 28 países — sendo que sem o Reino Unido, grande motor do crescimento, os números são mais tímidos e o crescimento estima-se em apenas 21%. Ainda assim, o continente e as ilhas estão 61,9% abaixo das cifras registadas antes de a pandemia ter fechado cinemas repetidamente, condicionado as suas lotações e desencorajado a frequência das salas ou acelerado hábitos mais digitais. E de ter adiado estreias de filmes em todo o mundo. Na UE e Reino Unido, ainda estão perdidos 623,5 milhões de ingressos vendidos em relação a 2019, quando Vingadores: Endgame, O Rei Leão ou Joker enchiam as salas.

Em Portugal e em 2021, segundo os dados do Instituto do Cinema e do Audiovisual divulgados em Janeiro, os bilhetes vendidos e as receitas obtidas pelos exibidores cinematográficos subiram mais de 40% em relação a 2020 — que fora o pior dos últimos 17 anos. Os números foram de retoma, mas ainda pálidos quanto ao pré-pandemia, com apenas um terço dos espectadores que iam ao cinema em 2019. Porém, o OEA coloca Portugal entre os países que ficaram acima da média no seu regresso aos cinemas. Isto depois de ter considerado no ano passado que o país sofrera um impacto acima da média europeia após o abater da covid-19.

Com um aumento de vendas de bilhetes de 43,8%, ou seja mais 1,7 milhões de ingressos comprados, Portugal foi o sexto país mais animado com a reabertura dos cinemas, mas longe dos esmagadores 90,9% de crescimento da Bulgária, 77,% da Croácia ou 56% da Irlanda, mais perto dos 47,4% de França, que representam mais 30 milhões de bilhetes vendidos, ou dos 44,6% da Hungria. Os países que não só não recuperaram mas pioraram a sua prestação foram os Países Baixos, com menos 2,5 milhões de bilhetes vendidos em relação a 2020, Eslováquia, Itália e Finlândia.

Os números são obviamente influenciados pelas medidas de contenção da pandemia em cada país e seu impacto na exibição cinematográfica. Um exemplo disso vem de fora da UE, com a Rússia a ser o país com maior volume de bilheteira em 2021 (145,7 milhões de bilhetes) não só porque é um país de enorme dimensão mas também porque os cinemas estiveram abertos grande parte do ano de 2021.

Outro dos impactos deste tímido regresso à normalidade é a diminuição da quota do cinema nacional em cada país, que em 2020 tinha aumentado devido à escassez de importação dos EUA. Nos cinemas da UE, o ano de 2021 foi mesmo, outra vez, de filmes de grande orçamento em língua inglesa: 007: Sem Tempo Para Morrer, Homem-Aranha: Sem Volta a Casa, Duna e Velocidade Furiosa 9. Tirando Duna da equação, os três filmes ocupam exactamente o pódio dos mais vistos em Portugal no ano passado.

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