Uma noite com Maria João Pires, uma tarde com cabeçudos e bolinhos de bacalhau
Ao triunfo anunciado da pianista portuguesa na Philharmonie de Paris seguiu-se uma maratona no Théâtre du Châtelet para mostrar as múltiplas deflagrações da música em português, do fado ao samba, da morna ao folclore. Quem trouxe o xaile de Viana sentiu-se em casa.
Talvez seja a primeira vez que cheira a bolinhos de bacalhau no salão Juliette Gréco do Théâtre du Châtelet. Na sala principal deste colosso cultural instalado desde meados do século XIX no epicentro de Paris, o primeiro bairro, Maria de Medeiros vai empolgada a meio do conto Lugar, lugares, de Herberto Helder, surpreendendo quem esperava ver o inevitável Fernando Pessoa a encabeçar o repertório poético encaixado nos intervalos da longa maratona de concertos – e de discursos, às tantas interrompidos por um exasperado “E a música?!?” saído do coração da plateia. Era essa afinal a promessa do Mosaico de Vozes Lusófonas montado para encerrar este domingo o primeiro fim-de-semana da Temporada Cruzada Portugal-França e que mobilizou um público bilingue especialmente aficionado de Katia Guerreiro e por ela disposto a aventurar-se pelos outros nomes de um cartaz não totalmente evidente, mas cheio de portas de entrada mais ou menos secretas, mais ou menos familiares.
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