Marcelo Rebelo de Sousa não se pronuncia em público sobre crise na Ucrânia

Autoridades nacionais desaconselham viagens para a Ucrânia.

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Marcelo Rebelo de Sousa Reuters/POOL

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, afirmou este sábado em França que a sua posição face à situação na Ucrânia é não se pronunciar em público sobre esta matéria, em qualquer momento, mesmo em Portugal.

Em declarações à comunicação social, em Paris, questionado sobre a notícia de que os Estados Unidos da América prevêem que a Rússia inicie um ataque à Ucrânia dentro de dias, Marcelo Rebelo de Sousa respondeu: “Não me vou pronunciar sobre essa matéria”.

“É uma matéria em que eu tenho a posição que é não me pronunciar sobre ela, mesmo em Portugal. Porque são questões muito sensíveis. Vejam que não encontram chefes de Estado ou chefes de Governo a fazerem declarações públicas sobre essas matérias, fora de um quadro muito específico, que não é aquele que justifica que eu me pronuncie neste momento”, acrescentou.

Interrogado se aconselha os portugueses que estão na Ucrânia a deixarem o país, o chefe de Estado disse: “Eu não aconselho coisa nenhuma sobre essa matéria”.

“Portanto, não há pronúncia sobre esta matéria em público, quer neste momento, quer noutro momento, quer aqui nesta situação -- que é de um encontro cultural entre Portugal e França -- quer porventura noutra situação”, reforçou Marcelo Rebelo de Sousa.

O Presidente da República falava aos jornalistas após a inauguração de uma obra do artista plástico português Pedro Cabrita Reis, no âmbito da “Temporada Portugal-França 2022”.

Perante a insistência para que comentasse a actual situação na Ucrânia, Marcelo Rebelo de Sousa reiterou a sua opção de não falar em público deste tema: “Já perceberam que eu tenho resistido a pronunciar-me sobre a matéria e estou a resistir a pronunciar-me sobre a matéria, o que quer dizer que entendo que não me devo pronunciar sobre ela”.

Questionado se falou sobre a Ucrânia com o Presidente francês, Emmanuel Macron, no jantar que este ofereceu na sexta-feira no Palácio do Eliseu, Marcelo Rebelo de Sousa referiu que “quando se encontram os presidentes de dois países irmãos fala-se de tudo”.

“Portugal acompanha aquilo que a França vai fazendo, a França acompanha aquilo que Portugal vai fazendo”, prosseguiu.

O Presidente da República assinalou que “a França tem uma presença universal” e, quanto ao papel de Portugal no plano internacional, considerou que “não é por acaso que o secretário-geral das Nações Unidas é um português”.

Nestas declarações à comunicação, Marcelo Rebelo de Sousa foi novamente interrogado sobre os mais de 150 mil votos do círculo da Europa que não foram considerados válidos no apuramento geral dos resultados das eleições legislativas, mas não comentou directamente esta polémica.

O chefe de Estado realçou que “os portugueses, olhando apenas só para os votos validados, bateram o recorde, ultrapassaram aquilo que era a expectativa, houve um aumento”, antevendo que “de eleição para eleição vai haver maior participação” dos emigrantes.

Por outro lado, recordou que é “um defensor desde sempre do reforço da participação eleitoral das comunidades”, por considerar que “significa aquilo que é a pujança, a importância do Estado português”.

O Presidente da República está em Paris por ocasião da abertura da “Temporada Portugal-França 2022”, um programa de intercâmbio cultural acordado entre os governos português e francês em 2018, que foi adiado devido à pandemia de covid-19.

Depois da inauguração da obra “As Três Graças”, de Pedro Cabrita Reis, Marcelo Rebelo de Sousa estará hoje à noite num concerto da pianista Maria João Pires acompanhada pela Orquestra Gulbenkian.

O Governo português está representado na abertura da “Temporada Portugal-França 2022” pelo ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, e pela ministra da Cultura, Graça Fonseca.