Memórias da China: o Império do Meio joga na folia

No comboio, o homem aproximava-se com a tal panóplia variada de mercadoria. Até metade da carruagem tinha o arlequim feito escasso negócio: os passageiros haviam embarcado prevenidos para a diversão. E, no entanto, a bugiganga atada ao pescoço do pitoresco parecia promessa dos mais viciosos êxtases.

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Humberto Lopes

O hotel era um gigantesco bolo cor-de-rosa. Tinha ar de ter recebido montanhas quinquenais de delegados do Partido e de ter sido refrescado havia pouco tempo. O espalhafato da cor rosa brilhava sob o sol de Inverno. Ainda decorriam as celebrações do Ano Novo chinês e duas noites antes avistara-se dos terraços um cordão de fogos-de-artifício dispersos por toda a cidade. Duraram até ao amanhecer. Não é inteiramente verdade: durante esse dia e nos seguintes os petardos continuaram e o odor de pólvora andava pelos ares, como um cheiro a guerra civil.

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