Reino Unido e NATO advertem para “momento muito perigoso”

“Será um absoluto desastre, se a Rússia efectivamente atacar a Ucrânia”, afirmou Boris Johnson, enquanto Jens Stoltenberg avisou que uma agressão russa “conduzirá a uma maior presença da NATO, não menor”.

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Reuters/YVES HERMAN

O secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, e o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, concordaram esta quinta-feira em Bruxelas que a Europa enfrenta um momento muito perigoso, com a crise entre Rússia e Ucrânia, admitindo que “muito em breve” pode acontecer “algo verdadeiramente desastroso”.

Numa conferência conjunta no quartel-general da Aliança Atlântica, em Bruxelas, Jens Stoltenberg e Boris Johnson reiteraram que devem prosseguir todos os esforços com vista a uma saída diplomática para a actual crise. Ainda assim, advertiram que a NATO está preparada para “o pior cenário” e alertaram Moscovo para o preço muito elevado que pagará no caso de uma invasão da Ucrânia.

“Este é um momento perigoso para a segurança europeia. O número de forças russas está a aumentar. O tempo de alerta para um possível ataque está a diminuir”, advertiu Stoltenberg, revelando que voltou a dirigir uma carta ao chefe da diplomacia russa, Serguei Lavrov, a reiterar o convite para prosseguir o diálogo em sede do Conselho NATO-Rússia.

O secretário-geral da Aliança Atlântica reiterou, todavia, que a NATO não abre mão de “princípios fundamentais”, como “o direito de cada nação a escolher o seu próprio caminho e a capacidade da NATO de proteger e defender todos os aliados”. Adiantou que, numa reunião de ministros da Defesa na próxima semana, serão avaliadas “opções para reforçar ainda mais a segurança” da organização, “incluindo a possibilidade de grupos de combate adicionais na parte sudeste” da Aliança. “Uma nova agressão russa conduzirá a uma maior presença da NATO, não menor”, alertou.

Perfeitamente alinhado com a intervenção de Stoltenberg, Boris Johnson defendeu as mesmas ideias e admitiu também o momento de perigo que a Europa enfrenta à luz da actual crise a leste. “O risco actual é muito elevado e este momento é muito perigoso. Estes próximos dias são provavelmente o momento mais perigoso naquela que é a maior crise de segurança que a Europa enfrenta em décadas”, disse.

Questionado sobre se acredita que a Rússia irá efectivamente invadir a Ucrânia, Boris Johnson disse crer que “ainda não foi tomada uma decisão” em Moscovo, “o que não significa que seja impossível que algo verdadeiramente desastroso possa acontecer muito em breve”. “Será um absoluto desastre, se a Rússia efectivamente atacar a Ucrânia, pois haveria derramamento de sangue em solo ucraniano.”

“Eu sei que as pessoas na Rússia devem estar também a pensar nisto, e sei que no Kremlin e por toda a Rússia devem estar a pensar se é realmente sensato sacrificar o sangue de soldados russos numa guerra que eu penso que seria catastrófica”, afirmou. Teria custos elevados, de vária ordem, para a Rússia, acrescentou.

O Ocidente acusa a Rússia de ter concentrado dezenas de milhares de tropas na fronteira da Ucrânia para invadir novamente o país, depois de ter anexado a península da Crimeia em 2014. A Rússia nega qualquer intenção bélica, mas condiciona o desanuviamento da crise a exigências que diz serem necessárias para garantir a sua segurança, incluindo garantias de que a Ucrânia nunca fará parte da NATO.