A descoberta da variante Ómicron em veados-de-cauda-branca, em Nova Iorque, nos Estados Unidos, levantou preocupações de que a espécie, que conta com 30 milhões de indivíduos no país, possa tornar-se hospedeira de uma nova estirpe de coronavírus, disse um investigador, esta terça-feira, 8 de Fevereiro.
Análises sanguíneas e algumas amostras de zaragatoa nasais de 131 veados capturados em Staten Island, Nova Iorque, revelaram que quase 15% tinham anticorpos do vírus. A descoberta sugere que os animais tiveram infecções prévias por coronavírus e são vulneráveis a reinfecções repetidas com novas variantes, de acordo com os cientistas da Universidade da Pensilvânia.
“A circulação do vírus em populações de animais levanta sempre a possibilidade de este voltar para os humanos mas, mais importante, proporciona mais oportunidades de o vírus evoluir para novas variantes”, disse Suresh Kuchipudi, microbiólogo veterinário de Penn State.
“Quando o vírus sofre mutações completas, pode escapar à protecção da vacina actual. Teríamos, portanto, de mudar a vacina outra vez”, disse Kuchipudi.
A descoberta – a primeira vez que a Ómicron foi detectada num animal selvagem – surge ao mesmo tempo que a vaga de infecções por covid-19 impulsionadas pela nova variante está a abrandar na população humana dos EUA.
Embora não haja evidências de que os animais estão a transmitir o vírus para os seres humanos, a maior parte das infecções por coronavírus foram reportadas em espécies que tiveram contacto próximo com uma pessoa com covid-19, de acordo com o Departamento de Agricultura dos EUA (USDA na sigla inglesa).
Em Agosto, o governo dos Estados Unidos disse que encontrou os primeiros casos mundiais de covid-19 em veados selvagens no Ohio, expandindo a lista de animais conhecidos que testaram positivo para a doença.
A descoberta foi baseada em amostras recolhidas em veados meses antes da variante Ómicron, fortemente mutada, emergir para substituir a variante Delta, previamente dominante, em pessoas de países de todo o mundo.
O Departamento de Agricultura dos EUA já tinha reportado covid-19 em animais, incluindo cães, gatos, tigres, leões, leopardos-das-neves, lontras, gorilas e martas.