Voos directos Portugal-Islândia: Play quer seduzir os turistas portugueses
Play, novíssima companhia aérea islandesa de baixo custo, estreia a primeira rota regular entre os dois países. Preço de lançamento Lisboa-Reiquiavique: “desde 135 euros por trajecto”. A rota começa na mesma altura em que a companhia se lança aos voos transatlânticos.
“Decidimos lançar a ligação a Lisboa” porque Portugal “nunca teve um serviço aéreo regular com a Islândia”, diz à Fugas Birgir Jónsson, CEO da Play, a nova companhia aérea islandesa que se prepara para estrear Lisboa-Reiquiavique a 13 de Maio. Este “milagre” explica-se tanto pela atracção por esse vazio no mercado, embora já tenham existido voos charter entre os dois países, como pelo facto de, adianta Jónsson, a companhia, que se apresenta como low cost, ter detectado nos seus estudos prévios que havia viajantes suficientes em busca de voos entre as duas capitais.
A questão que se põe: será rota para ficar? Depende: “estamos a analisar essa questão neste momento”, adianta o responsável da Play por e-mail, esclarecendo que a dúvida para já é se a rota pausa no Outono-Inverno e depois regressa. “Pensamos que há um potencial” para continuar, esclarece, porque “antes da pandemia o turismo de Inverno na Islândia estava em crescimento”. Mas todas as opções, admite, estão ainda sobre a mesa. Para já, são dois voos semanais (sextas e segundas) até 28 de Outubro.
No site da Play as reservas abriram nos finais de 2021, aquando do lançamento da rota, e estão disponíveis preços “desde 135 euros”. Uma pesquisa-teste devolve resultados vários à volta desse valor. Uma pré-reserva para Maio, por exemplo, ficou por 250 euros ida-e-volta (incluindo um voo por 115 euros).
Mas, além dos directos Lisboa-Reiquiavique, a empresa vai também disponibilizar ligações via Islândia para os EUA, que também começam na Primavera: Baltimore/Washington, Boston e Nova Iorque (concretamente, neste último caso, Stewart International Airport, a 100km de Manhattan). Mas esse é apenas um extra. “ nosso objectivo principal é servir o mercado entre Islândia e Lisboa”, diz Jónsson. Claro que “se alguém gostar da ideia de fazer uma paragem na Islândia no seu caminho para/de EUA, podemos oferecer essa opção”. Fizemos um teste Lisboa-Reiquiavique-NYC e Boston para Julho: ida-e-volta em redor dos 550 euros.
A contar para os números de potenciais transportados estarão, necessariamente, os emigrantes. Não são muitos, mas é já uma comunidade consistente. Na Islândia, país em redor dos 360 mil habitantes, trabalham cerca de 1400 portugueses (eram 1380 em 2018) e a emigração lusa até estava a crescer a bom ritmo na pré-pandemia - em 2018, chegaram 332 trabalhadores portugueses – as chegadas desceram para 258 e 158 em, respectivamente, 2019 e 2020.
Play, uma companhia estreada na pandemia
O trabalho já vinha de trás – foi fundada em 2019 e “com bases fortes”, sublinha Jónsson – por isso não houve hesitações de maior em estrear a Play no último Verão, numa altura de catástrofe financeira para as companhias aéreas de todo o mundo. Começou com oito destinos e partindo do conceito de criar um hub islandês para voos com a Europa e América do Norte. Nos primeiros seis meses, segundo o CEO da empresa, foram transportados “mais de cem mil passageiros em mil voos” – e com uma taxa de ocupação média de 53.2%, sendo quase metade dos passageiros de origem islandesa. “Conquistar a confiança dos passageiros durante uma pandemia num mercado relativamente pequeno é um feito relevante”, refere Jónsson, sublinhando: “Estamos gratos por isso”.
Os primeiros meses, vividos ainda por cima em pandemia, servem também como preparação para o nível seguinte com olho no futuro: “Posicionar a Play num excelente ponto estratégico” de modo a “beneficiar do crescimento pós-covid-19 da aviação e turismo nos próximos anos”.
Este ano, continuará na senda do crescimento: dos oito destinos com que foi começando na Europa passará a 24, incluindo as três rotas transatlânticas. A frota irá também duplicar, de três para seis aparelhos A321neo.
“Há um apetite por viagens internacionais nos nossos mercados e a Play está bem preparada para satisfazer esta procura”, afiança Jónsson, assinalando que “tem sentido o regresso da confiança dos consumidores”. “Estamos a verificar um crescimento forte das reservas para os próximos meses, o que mostra uma tendência clara para um cenário que se poderá assimilar a um típico ano pré-pandemia”, remata o CEO, que antes da Play também foi director-executivo da Iceland Express e adjunto do director-executivo da WOW Air, duas companhias islandesas que terminaram operações e que também tiveram à volta de uma década de vida aérea cada uma (a WOW foi entretanto adquirida por um investidor norte-americano).
A Play nasceu precisamente pela mão de dois executivos saídos da WOW, Arnar Magnússon (actual chefe de operações da Play) e Sveinn Steinþórsson, sendo financiada por um grupo de investidores.