Exportações de bens cresceram 18% em 2021 e superaram níveis pré-pandemia
Importações cresceram mais do que as vendas ao estrangeiro. Espanha foi o país para onde Portugal mais exportou bens. Estados Unidos ultrapassam Reino Unido como destino de produtos portugueses.
Portugal fechou o ano de 2021 com as exportações a ultrapassarem os 63 mil milhões de euros. As vendas de bens ao exterior cresceram 18% em relação a 2020 e ficaram já num patamar superior àquele em que se encontravam antes da pandemia. Espanha, França e Alemanha continuam a ser os três mercados para onde Portugal mais exportou produtos, mostram dados divulgados nesta quarta-feira pelo Instituto Nacional de Estatística (INE).
Depois de atingirem um pico de 59,9 mil milhões de euros em 2019, as vendas de produtos ao estrangeiro caíram no primeiro ano da pandemia, recuando para um valor de 53,8 mil milhões de euros, conseguindo recuperar ao longo do ano seguinte até superarem o valor anterior à crise aberta pela pandemia de SARS-CoV-2. Face a 2019, as vendas apresentam um crescimento de 6%.
Esse bom ritmo de crescimento não impediu, no entanto, que o país registasse um défice na balança comercial de bens. As importações cresceram mais do que as exportações — subiram 21,1% em relação a 2020 — e, ao totalizarem cerca de 82.500 milhões de euros, o resultado foi um saldo negativo na balança de bens de 19 mil milhões de euros, aumentando em cerca de 4600 milhões.
“Relativamente ao mesmo período de 2019, quando o défice atingiu 20.074 milhões, as exportações aumentaram 6% e as importações cresceram 3,2%”, refere o INE.
Olhando para as exportações, os dados do INE mostram que Espanha continua a ser o país para onde Portugal mais vende. Para lá, seguiram bens no valor de 16.934 milhões de euros, um crescimento de 24%.
Para França, o segundo mercado de destino, as vendas valeram 8320 milhões de euros, mais 14% do que sucedera em 2020. A Alemanha, o terceiro país comprador, foi o destino de 6998 milhões de euros em produtos vendidos, mais 10% do que no primeiro ano da pandemia.
Os Estados Unidos da América surgem em quarto, como destinatário de bens portugueses no valor de 3549 milhões de euros, registando-se um crescimento de 33%. Segue-se o Reino Unido, para onde foram vendidos produtos que totalizam 3309 milhões de euros. Apesar de Portugal ter vendido mais do que em 2020 para o mercado britânico, o Reino Unido passou de quarto para quinto lugar na lista de destinatários das exportações portuguesas, tendo sido ultrapassado pelos Estados Unidos.
De seguida surgem a Itália (2850 milhões), os Países Baixos (2487 milhões) e a Bélgica (1604 milhões). Angola, ainda a enfrentar uma recuperação da economia em crise antes da pandemia, aparece em nono lugar como compradora de bens portugueses, com aquisições no valor de 952 milhões de euros, mais 9,4% do que no ano anterior, mas menos do que comprava antes da pandemia (em 2019, comprara bens na ordem dos 1200 milhões, em 2018 fora destino de produtos na ordem dos 1500 milhões e em 2015 chegara a superar os 2000 milhões de euros).
Com uma fatia de 14% nas vendas, as máquinas e aparelhos foi a categoria que mais pesou nas exportações, seguindo-se veículos e outro material de transporte (13%) e metais comuns (9%), plásticos e borrachas (7,7%), produtos agrícolas (7,1%), químicos (6,2%) e combustíveis minerais (5,7%).
Dos 63.477 milhões de euros de exportações, 71% tiveram como destino países da União Europeia e os restantes 29% seguiram para países de fora da comunidade.
Os dados do INE só dizem respeito aos produtos, não contabilizando os dados das exportações dos serviços, cuja divulgação é feita pelo Banco de Portugal.
As empresas deslocadas
Ao analisar as exportações em 2021, o INE inclui uma análise específica sobre as empresas que “recorreram ao sourcing internacional como parte integrante do seu processo produtivo”, isto é, à “à deslocação total ou parcial de actividades até então levadas a cabo pela empresa residente, quer constituam o seu core business [negócio principal] ou funcionem como suporte ao respectivo negócio, para outras empresas localizadas no estrangeiro e com as quais a empresa tenha ou não relações”.
Enquanto no conjunto das empresas o crescimento das exportações rondou os 18%, o ritmo das vendas neste tipo de empresas foi menos intenso, de 11,4%, mas, nota o INE, esta evolução “resulta de um efeito base, dado que em 2020 as empresas com sourcing internacional tinham registado um decréscimo menos significativo que o das restantes empresas”.
Os fornecimentos industriais foram a categoria de produtos “mais exportada pelas empresas com sourcing internacional e pelas restantes empresas em 2021”. No primeiro caso, o peso foi de 28,7% e no segundo foi de 33,9%.
No caso das empresas com sourcing internacional “o aumento foi sobretudo para Marrocos (devido aos produtos semi-manufacturados de ferro ou aço não ligado), enquanto nas restantes empresas se destacaram as exportações para Espanha.”. Os materiais de transporte e as máquinas e outros bens de capital foram as outras categorias mais exportadas.
“Em relação aos países parceiros das exportações, verifica-se que em 2021 os três principais clientes das empresas com sourcing internacional e das restantes empresas foram os mesmos – Espanha, França e Alemanha. Nas empresas com sourcing internacional seguiram-se Marrocos e Estados Unidos, enquanto nas restantes empresas a quarta e quinta posições foram ocupadas pelos Estados Unidos e Reino Unido”, refere o INE.