Imagens “chocantes”: traineira deixa cem mil peixes mortos a flutuar ao largo da França
Aconteceu na quinta-feira, no golfo da Biscaia. A França e a União Europeia vão investigar o caso.
O segundo maior barco de pesca do mundo, o FV Margiris, derramou mais de 100 mil peixes mortos no oceano Atlântico, junto à costa francesa, formando um tapete flutuante de carcaças que foi avistado por activistas ambientais. O derrame aconteceu na madrugada de quinta-feira, no golfo da Biscaia, na costa do Sudoeste da França, depois de a rede de arrasto da traineira se ter rasgado, de acordo com o grupo da indústria pesqueira Pelagic Freezer-Trawler Association (PFA), que representa o proprietário da embarcação. Em comunicado, o grupo PFA explicou que esta foi uma “ocorrência muito rara”, enquanto um grupo ambientalista contestou tratar-se de uma descarga ilegal de mais de 100 mil peixes indesejados.
A organização sem fins lucrativos Sea Shepherd, dedicada à conservação da vida marinha, divulgou as primeiras imagens do derrame, que mostram a superfície do oceano coberta por uma densa camada de um peixe conhecido comummente por verdinho, da família do bacalhau, usado essencialmente para produzir alimentos transformados (tais como os chamados “douradinhos”) e óleo de peixe.
A Sea Shepherd em França disse que não acredita que o acontecimento tenha sido acidental, mas uma tentativa de descarregar um tipo de peixe que a traineira não queria tratar – uma prática que é proibida pela União Europeia. A organização afirmou ainda que em causa estavam mais de 100 mil peixes.
A ministra do Mar francesa, Annick Girardin, classificou como “chocantes” as imagens dos peixes mortos e disse que pediu à autoridade nacional de vigilância da pesca que iniciasse uma investigação sobre o acidente. O comissário europeu para o Ambiente, Oceanos e Pescas, Virginijus Sinkevičius, também anunciou que foi aberto um inquérito para “obter informações e provas exaustivas sobre o caso”.
A traineira FV Margiris, tal como as restantes do seu tipo, usa redes de arrasto com mais de um quilómetro de comprimento e transforma o peixe em fábricas a bordo, uma prática fortemente criticada pelos ambientalistas. Já em 2012, a embarcação, que é propriedade da empresa holandesa Parlevillet & Van der Plas e navega com a bandeira da Lituânia, foi obrigada a abandonar as águas australianas em 2012, após protestos de activistas.