Uma homenagem a um avô e um corpo em busca de si mesmo
Hélio, em memória de Hélio Martins de Souza, avô de Renan Martins, é um solo em que, ao som de Drumming, icónica peça musical de Steve Reich, o bailarino e coreógrafo brasileiro (que já não vive no seu país de nascença há 15 anos) reflecte sobre a sua própria identidade — e também sobre aquilo que pretende fazer no futuro em termos artísticos.
O brasileiro Renan Martins, bailarino e coreógrafo nascido e criado na Vila da Penha, no Rio de Janeiro, foi apresentado a “uma vida mais artística” pelo seu avô materno. Hélio Martins de Souza (1929-2008) “não dançava a tempo inteiro porque não dava para fazer algo assim no Rio”, mas “dava aulas de dança de salão” e era um habitualíssimo “frequentador de rodas de samba”. “Eu cresci vendo ele dançar com a minha avó. E ele me levava a todas as minhas aulas de teatro”, lembra Renan, que aos seis anos já estava a tentar ser actor. O jovem passaria, no entanto, da interpretação para a dança. Seguiu os passos do seu ídolo, que afectuosamente recorda como “um palhaço”. “O meu avô estava sempre na brincadeira. E cuidava de todo o mundo: fazia todo o mundo rir, era a pessoa a quem todo o mundo recorria. Era o xamã da família.”
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