Mais de 87% dos médicos foram infetados pela covid-19 nos últimos dois meses no Brasil
A saúde mental dos profissionais de saúde tem sido outro ponto crítico. Mais de metade dizem sentir-se exaustos e apontam a falta de médicos como principal causa.
A grande maioria dos médicos brasileiros (87,3%) foi infectada pela covid-19 nos últimos dois meses, segundo um levantamento divulgado esta quinta-feira pela Associação Médica Brasileira (AMB).
O inquérito indica que o aumento exponencial de casos de covid-19 devido à proliferação da variante Ómicron também afectou a saúde mental destes profissionais. Mais de metade (51,6%) diz estar apreensivo e acreditar que qualquer coisa pode afectar a sua saúde e a dos seus pacientes. O estudo revelou também que 51,1% dos médicos brasileiros se sentem exaustos e que outros 42,7% dizem estar ansiosos com a situação actual da pandemia no país.
Para além disto, os profissionais de saúde dizem sentir que 62,7% dos seus colegas estão stressados e que outros 64,2% estão sobrecarregados de trabalho. Isto pode ser directamente ligado à falta de pessoal médico, problema apontado por quase metade dos entrevistados.
Segundo a percepção dos profissionais, apesar de sete em cada dez brasileiros não usarem a máscara de forma correcta, a sua adesão à vacinação contra o novo coronavírus é alta. Ainda assim, criticam o Governo no acompanhamento dos casos e na realização de exames, considerando que estes procedimentos não estão a ser realizados da forma mais correcta.
De acordo com a AMB, a maioria dos participantes desta sondagem disponibilizada online são da região sudeste, que inclui os estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Espírito Santo que, apesar de representarem apenas quatro dos 27 estados brasileiros, são as regiões mais populosas do país, com cerca de 90 milhões de pessoas - quase metade do total de habitantes do Brasil.
Com quase 630 mil mortos e 25,7 milhões de casos positivos, o Brasil é um dos países mais afectados pela pandemia de covid-19. Ocupa o segundo lugar em número de mortes, atrás dos Estados Unidos, e o terceiro em número de infecções, atrás dos EUA e da Índia.
A covid-19 provocou já mais de 5 milhões e meio de mortes em todo o mundo desde o início da pandemia, segundo o mais recente balanço da AFP. A variante Ómicron, que se dissemina e sofre mutações mais rapidamente, tornou-se dominante no mundo desde que foi detectada pela primeira vez em Novembro, na África do Sul.