SNQTB considera que Santander “afronta” trabalhadores despedidos com o pagamento de dividendos

Banco anunciou lucros de 298 milhões de euros em 2021, ano em que saíram 1175 trabalhadores, a maior parte por acordo e 49 por despedimento colectivo.

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Trabalhadores do Santander e do BCP realizaram um dia de greve, em 2021, contra despedimentos LUSA/TIAGO PETINGA

O Sindicato Nacional dos Quadros e Técnicos Bancários (SNQTB) considerou esta quinta-feira uma afronta aos trabalhadores despedidos pelo Santander Totta o pagamento de dividendos anunciado pelo banco, que esta quarta-feira anunciou lucros de 298 milhões de euros em 2021.

“O SNQTB critica veementemente o recente despedimento de 1175 trabalhadores do Banco Santander Totta - dos quais 49 foram incluídos num processo de despedimento colectivo -, isto quando o banco anunciou ontem [quarta-feira] uma subida dos lucros em 2021 e quando revelou que se prepara para pagar dividendos à casa-mãe em Espanha, referentes ao ano de 2019, e que avançará posteriormente para o pagamento de dividendos dos anos de 2020 e 2021”, lê-se no comunicado divulgado esta quinta-feira.

O sindicato diz que a saída de 1175 trabalhadores em 2021, promovida pelo Santander Totta, “não se justificava, nem era necessária” e considera que o despedimento colectivo de 49 funcionários apenas visa “constranger e pressionar os trabalhadores que o banco pretendia que cessassem os contratos de trabalho”.

“Os lucros comprovam a desnecessidade destas medidas espartanas, o anunciado pagamento de dividendos pelos anos de 2019, 2020 e 2021 (a confirmar-se) é uma completa afronta aos trabalhadores que saíram do banco e, muito especialmente, aos que foram abrangidos pelo despedimento colectivo”, afirma o presidente do SNQTB, Paulo Gonçalves Marcos, citado em comunicado.

O sindicato diz ainda que os lucros de quase 300 milhões de euros foram gerados num ano em que o banco teve custos de 260 milhões da restruturação e o encargo extraordinário de 164,5 milhões (líquidos de impostos) para a optimização da rede de agências e investimentos em processos de tecnologia.

O SNQTB acrescenta que “lutará junto dos tribunais com os que foram despedidos” e que tomará “todas as medidas necessárias para que 2021 jamais se repita”.

No ano passado, voltaram os grandes processos de reestruturação nos principais bancos, que passaram pela saída de milhares de trabalhadores, tendo ocorrido as principais reduções de pessoal no Santander Totta e no BCP.

No Santander Totta saíram 1175 trabalhadores, a maior parte por acordo (rescisão por mútuo acordo ou reforma antecipada ou pré-reformas) e houve o despedimento colectivo de 49 funcionários (deverão contestar em tribunal).

Até agora, segundo o banco, de oito providências cautelares houve quatro decisões favoráveis ao banco.

Sobre o futuro, a gestão disse que o banco decidiu fazer a reestruturação toda de uma vez pois é difícil motivar equipas numa empresa constantemente em reestruturação, pelo que nos próximos anos a expectativa é que a saída de funcionários seja normalizada e haja saídas naturais de uma centena de pessoas.

Quanto ao pagamento de dividendos, na quarta-feira o banco disse que vai distribuir este ano dividendos referentes aos anos em que não os pagou (2019, 2020 e 2021), por recomendação do Banco Central Europeu (BCE), e já em Fevereiro irá à assembleia-geral o pagamento de 480 milhões de euros.

Mais tarde, ao longo deste ano, o banco admite fazer mais pagamentos de dividendos.