Stadtallendorf, cidade global
São três horas três quartos de uma vivacidade incrível, entra-se, fica-se, e sai-se a respirar o ar de Stadtallendorf.
Há uma cena, já perto do fim do filme, em que o professor Bachmann e a sua turma conversam, naquele modo free style e frequentemente informal que víramos desde o princípio. Nessa cena, uma rapariga, que não terá, como todos os outros colegas, mais do que uns 13 ou 14 anos, exprime com uma certa brutalidade a repugnância que sente pela homossexualidade. O professor, em vez de moralizar ou repreender, vai simplesmente fazendo perguntas dirigidas ao âmago das certezas da miúda. Até que, depois de um pingue-pongue intenso, a miúda, sem mais argumentos, responde apenas com um “não sei...” hesitante. Nesse momento, há um sorriso na cara do professor que é como um clarão: ele não está ali para descarregar certezas sobre os miúdos, ele está ali para desfazer as certezas que os miúdos trazem (muito provavelmente, de casa, das famílias) e fazer nascer neles a sombra de uma dúvida.
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