Dois pinguins machos do zoo de Nova Iorque “adoptaram” um bebé. Estão a fazer um “excelente trabalho”
Helmer e Lima, um par de pinguins-de-humboldt machos que adoptaram um ovo durante a época de reprodução, são os orgulhosos novos pais adoptivos de uma cria de pêlo felpudo. O director do zoo diz que “as famílias não tradicionais fazem um trabalho maravilhoso de criação e educação”.
Dois pinguins-de-humboldt machos, que adoptaram um ovo durante a época de reprodução, são os orgulhosos novos pais adoptivos de uma cria de pêlo felpudo — e o zoo de Nova Iorque diz que o seu primeiro casal do mesmo sexo a assumir este papel está a fazer “um excelente trabalho”.
O jardim zoológico Rosamond Gifford de Nova Iorque, em Syracuse, trabalha há anos para aumentar a população cada vez menor de pinguins-de-humboldt no meio selvagem. Esta espécie, que pode ser encontrada ao largo da costa do Chile e do Peru, na América do Sul, é classificada como vulnerável pela União Internacional para a Conservação da Natureza.
“Trazemos notícias muito animadoras”, escreveu o jardim zoológico no Twitter, ao partilhar imagens do pinguim castanho felpudo que pesava 226 gramas no início deste mês. O pinto eclodiu a 1 de Janeiro.
O zoo explica que deu o ovo aos pinguins machos Elmer e Lima numa tentativa de aumentar as hipóteses de o ovo eventualmente eclodir. Os casais reprodutores no jardim zoológico têm “um historial de quebrar inadvertidamente os seus ovos fertilizados”, de acordo com uma declaração divulgada na sexta-feira. Já os dois pais adoptivos foram “exemplares em todos os aspectos dos cuidados com os ovos”, disse o jardim zoológico, acrescentando que os machos protegiam à vez o ovo enquanto esperavam que eclodisse. Ted Fox, o director do zoo, disse que nem todos os pares de pinguins são bons a incubar ovos, acrescentando que “é preciso prática”.
Os machos têm estado a cuidar do pinguim bebé, alimentando-o e mantendo-o quente. O director do zoo diz que “as famílias não tradicionais fazem um trabalho maravilhoso de criação e educação”. “O sucesso de Elmer e Lima é mais uma história que podemos partilhar para ajudar pessoas de todas as idades e origens a relacionarem-se com os animais”, diz Fox.
Enquanto a viagem de Elmer e Lima é uma estreia para o zoo nova-iorquino de adopção por um casal do mesmo sexo, outras organizações têm também relatado resultados positivos com casais do mesmo sexo que adoptam ovos. Os casais de pinguins costumam revezar-se a proteger e nutrir um ovo, aninhando-o entre os seus pés e protegendo-o das temperaturas frias e de outros perigos com uma dobra de pele.
Num aquário em Espanha, dois pinguins-gentoo fêmeas tornaram-se mães pela primeira vez em 2020 e passaram algum tempo a criar o pinto bebé que tinham adoptado. Skipper e Ping, um par de pinguins-rei machos no Jardim Zoológico de Berlim, adoptaram um ovo abandonado em 2019. Na altura, um porta-voz do zoo disse ao jornal Berliner Zeitung que o casal estava “a comportar-se como pais modelo, revezando-se para manter o ovo quente”.
Em 2005, o zoo nova-iorquino juntou-se ao Plano de Sobrevivência de Espécies, um programa de zoos e aquários para proteger animais em perigo ou ameaçados na natureza. Especialistas dizem que o declínio contínuo da população de pinguins-de-humboldt poderá estar ligado às correntes oceânicas e às temperaturas no Pacífico, em mudança devido à crise climática, bem como à exploração mineira dos seus habitats no Chile.
Os pinguins-de-humboldt alimentam-se principalmente de peixe, mas os adultos que procuram presas na natureza estão a ser obrigados a viajar para cada vez mais longe em busca de alimento, devido à elevada procura de pesca comercial e à poluição por petróleo. Os investigadores dizem que os habitats da população têm sido devastados pela extracção para fertilizantes.
Os pinguins-de-humboldt vivem geralmente durante cerca de 20 anos. O jardim zoológico de Syracuse diz ter chocado mais de 55 crias de pinguins-de-humboldt até agora e acredita que em breve poderão nascer mais.
O pessoal do zoo não exclui a possibilidade de dar a Elmer e Lima mais responsabilidades parentais, acrescentando que o par seria definitivamente o principal candidato “para criar futuros ovos”.
Exclusivo PÚBLICO/The Washington Post