A abstenção baixou, mas ainda foi a terceira mais elevada de sempre

As ilhas voltaram a ser as recordistas, grandes centros urbanos com maior afluência às urnas.

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Rui Gaudêncio

A abstenção em território nacional (ainda falta apurar a abstenção no estrangeiro) baixou cerca de três pontos percentuais relativamente às eleições legislativas de 2019, apesar dos receios de que a actual situação pandémica pudesse desmobilizar eleitores. Então a não ida aos votos situou-se nos 45,5% e, neste domingo, num universo de 10.820.337 eleitores, não foram às urnas cerca de 42% dos cidadãos. Para o Presidente da República este resultado “foi uma grande vitória”. “Estamos muito gratos aos portugueses”, acrescentou.

Ainda assim, esta é a terceira mais elevada não ida às urnas desde que se realizam eleições para eleger os 230 deputados (1975), ficando apenas abaixo dos actos eleitorais de 2015 (43%) e 2019.

A “rainha” da abstenção foi mais uma vez a região Autónoma dos Açores, com a não ida às urnas a chegar aos 63%. Na Madeira, a renúncia à ida à urnas foi igualmente elevada, rondando os 54%.

Mas houve mais distritos em que os que não foram a votos estiveram em maioria. São os casos de Bragança (52%) e Vila Real (50%).

Já os grandes centros urbanos tiveram médias abaixo da média nacional. Em Lisboa a abstenção rondou os 38%, ficando na média da eleição de 2019; no Porto teve igual resultado; em Coimbra abstenção situou-se ficou-se nos 42%, também em média com a anterior eleição legislativa e em Faro 48%. Neste núcleo de grandes distritos Braga teve o melhor comportamento com a abstenção a situar-se nos 36%, cerca de menos um ponto percentual que em 2019.

O Alentejo andou em torno da média nacional: Setúbal, distrito que vai até Sines, ficou nos 41% de abstencionistas; Beja nos 44%; Évora 41% e Portalegre 43%

Acima da média nacional estiveram os distritos de Aveiro (43%); Guarda (47%); Leiria (43%); Portalegre (43%); Viana do Castelo (46%) e Viseu (45%).

Eleição para a Europa é a recordista

Embora a percentagem de abstencionistas seja ainda muita elevada, fica longe da verificada em outras eleições. A recordista dos não votantes é a eleição para o Parlamento Europeu. Na primeira eleição, em 1987, a abstenção foi de 27,8%, tendo disparado para os 48,8% em 1989 atingindo um pico de 64,5% em 1994. Na eleição seguinte (1999) o número de não votantes caiu ligeiramente, mas nos quatro actos eleitorais seguintes foi sempre a seguir tendo atingido um novo recorde histórico de 69,3% em 2019.

A segunda eleição que os portugueses mais ignoram é a presidencial. No primeiro acto eleitoral em liberdade para escolher o chefe de Estado, em 1976, ganho por Ramalho Eanes, não foram às urnas 24,6% dos eleitores. Esse número baixou em 1980 para 15,8% mas depois foi sempre a subir tendo atingido um pico de em 2001 de 49,9%, quando Jorge Sampaio ganhou a eleição para o seu segundo mandato. Em 2006 a abstenção caiu (38,5%), nos três actos eleitorais seguintes os não votantes estiveram sempre acima dos 50% e, no ano, passado bateu mesmo um novo recorde, com 60,7 dos inscritos a não ir às urnas.

As participações nas eleições para as autarquias têm andado mais ou menos a par das legislativas. O valor mais baixo da abstenção foi alcançado em 1979 (26,2%) e o mais alto em 2013 (47,4%). Nas eleições para os municípios do ano passado abstenção foi 46,4%.

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