Mais de uma centena de funcionários do antigo Governo afegão foram executados desde Agosto
Relatório da ONU diz que dois terços dos mortos foram feitos pelos taliban e que o Daesh local matou pelo menos meia centena de ex-funcionários.
Um relatório interno das Nações Unidas aponta que mais de uma centena de funcionários do antigo Governo afegão terão sido executados pelos taliban e pela filial afegã do Daesh desde que o movimento fundamentalista religioso reconquistou o poder no Afeganistão.
As fontes do relatório são antigas autoridades afegãs, forças de segurança e pessoal militar consideradas de confiança pelos investigadores da ONU. O documento está agora nas mãos do secretário-geral da ONU, António Guterres.
Dois terços das execuções terão sido levadas a cabo pelos taliban ou por grupos aliados, enquanto o Daesh-Khorasan seria responsável pela morte de pelo menos meia centena de antigos funcionários.
O relatório fala ainda de “ataques, intimidações, assédio, detenções arbitrárias e outras formas de maus-tratos” contra activistas de direitos humanos e jornalistas no país, denunciando ainda o assassínio de pelo menos oito membros de organizações da sociedade civil afegã e dois funcionários de meios de comunicação, às mãos dos taliban, dos jihadistas e de grupos relacionados.
O secretário-geral da ONU pediu aos taliban que iniciem um diálogo construtivo para facilitar a chegada de ajuda económica a um país completamente devastado depois de 20 anos de conflito. Propôs ainda uma reestruturação da presença das Nações Unidas no Afeganistão para coordenar o desenvolvimento político e a recepção da ajuda humanitária.
Os taliban, por seu lado, afirmam que este tipo de pedidos internacionais, como o da formação de um Governo inclusivo, não são mais do que “desculpas” para não reconhecer as autoridades instauradas no país em Agosto de 2021.
O ministro dos Negócios Estrangeiros afegão, Amir Jan Mutaqqi, declarou na sexta-feira ao canal de televisão afegão Tolo TV que a comunidade internacional “não tem uma definição do que é um governo inclusivo nem há exemplos” e que, por isso, “são apenas desculpas.