Balada policial na Normandia
Mosaico da vida na França rural, um filme que almeja sentir o pulso a um território. O problema é que também deseja um romantismo sombrio.
Naquele que é, de longe, o seu melhor filme (Dos Homens e dos Deuses, que no princípio da década passada deu também um dos últimos grandes papéis de Michael Lonsdale), Xavier Beauvois filmava um grupo de homens, monges num mosteiro ocupado por terroristas, que reconhecia na aceitação sacrificial de um destino (ou do Destino) a derradeira possibilidade de paz (ou da Paz). Em Albatros, num contexto narrativo bastante diferente, tacteamos questões semelhantes, e a ideia do destino é discretamente mencionada num dos primeiros diálogos, na cena em que o protagonista (um óptimo Jérémie Rénier) recebe em legado a miniatura de um barco, o Albatros, que pertenceu ao pai ou avô (enfim, salvo distracção nossa, a relação familiar não é explicitada). Esse Albatros, ou um seu correspondente em versão real e escala 1/1, será, na segunda parte do filme (aquela que é de algum modo a adaptação do poema de Coleridge a que Beauvois foi buscar o “albatroz”), o veículo da aceitação do seu destino por parte de Rénier. A questão é saber se Beauvois é cineasta capaz de aguentar um filme nessa busca de um sublime, e se consegue materializá-lo à nossa frente.
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