Portugal registou, na terça-feira, 42 mortes e 65.578 novos casos de infecção pelo coronavírus SARS-CoV-2, de acordo com os dados mais recentes da Direcção-Geral da Saúde (DGS), divulgados esta quarta-feira. Este é o número de casos diários mais alto de sempre. O máximo anterior tinha sido registado na passada sexta-feira, dia 21 de Janeiro, data em que foram contabilizados 58.530 infectados.

Só em Janeiro deste ano houve 988.172 casos acumulados em Portugal. No ano passado (desde o boletim de 1 de Janeiro a 31 de Dezembro), o país registou um total acumulado de 975.968 casos. Significa isto que em menos de um mês já foram contabilizados mais infectados do que no ano de 2021 inteiro.

Por outro lado, o total de mortes por covid-19 acumuladas ao longo deste mês de Janeiro de 2022 é de 748 — um número significativamente inferior às 4106 vítimas mortais registadas durante os primeiros 26 dias do mês de Janeiro de 2021.

O número de internados é também bastante inferior: actualmente, há 2313 pessoas hospitalizadas com a doença em Portugal, enquanto a 26 de Janeiro de 2021 havia quase o triplo (6472). A diferença ao nível dos cuidados intensivos é ainda mais significativa, visto que à data actual o país contabiliza 154 pessoas com covid-19 em unidades de cuidados intensivos (UCI) — o que corresponde a quase um quinto do total de 765 pacientes em UCI registados a 26 de Janeiro do ano passado.

Em relação ao dia anterior, foram contabilizados menos sete pacientes hospitalizados com covid-19 no país e menos quatro pessoas com a doença em UCI.

Portugal é o quinto país europeu com mais casos

Nos últimos sete dias, Portugal registou uma média de 5080,7 casos de covid-19 por cada milhão de habitantes. Ocupa o 5.º lugar na lista de 45 países europeus com mais casos por cada milhão de habitantes, a seguir a Andorra (8888,63 casos por milhão de habitantes, de acordo com a média a sete dias), Dinamarca (7158,26), França (5436,72) e Eslovénia (5349,30).

No mesmo período, Portugal registou uma média de 3,95 mortes por cada milhão de habitantes, sendo o país com a maior percentagem de população completamente vacinada (90,4%).

Segundo as previsões do Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças (ECDC), a maioria dos cidadãos europeus terá imunidade por infecção ou vacinação contra a covid-19 até à Primavera ou Verão.

O ECDC admitiu à agência Lusa que “isto pode levar a baixas taxas de transmissão nos próximos meses” e à passagem para endemia, depois de a Organização Mundial de Saúde (OMS) ter afirmado que a variante Ómicron pode infectar 60% dos europeus até Março, dando início a uma nova fase da pandemia na Europa que a pode aproximar do seu fim.

Porém, o ECDC alerta que “ainda é incerto se a Ómicron significará uma fase mais estável e previsível da covid-19 e, nesta fase, é mais importante que nos concentremos em como nos adaptar à situação em mudança e mantermo-nos preparados para os próximos passos”.

As declarações da agência europeia surgem numa altura em que se verifica um elevado ressurgimento de casos de infecção por SARS-CoV-2, com vários países a atingirem máximos de casos diários, para os quais tem contribuído a elevada transmissibilidade da Ómicron. Porém, este aumento não se tem traduzido, por enquanto, em elevadas taxas de internamentos ou mortalidade.

Norte com maior número de novos casos

Segundo os dados que constam do boletim desta quarta-feira, a região Norte soma 43% dos novos casos reportados a nível nacional, tendo registado mais 28.314 infectados. Já Lisboa e Vale do Tejo contabiliza mais 18.696 casos (29%). O Centro registou mais 11.204 infectados no último dia, seguindo-se o Algarve com mais 2828 novos casos e o Alentejo com mais 2094 infecções. Os Açores reportaram mais 1285 casos e a Madeira mais 1157.

Recuperaram da doença mais 62.145 pessoas, contabilizando-se agora um total de 1.842.153 recuperados. Há ainda a registar mais 3391 casos activos de infecção, num total de 515.962 — este número resulta da subtracção do total de recuperados e de óbitos ao total de casos positivos.

Dos 42 óbitos registados nas últimas 24 horas, 16 foram na região Norte, 15 em Lisboa e Vale do Tejo, nove no Centro e dois no Alentejo. Entre as vítimas mortais contabilizam-se dois homens entre 50 e 59 anos; quatro homens e duas mulheres entre 60 e 69 anos; seis homens e quatro mulheres pertenciam à faixa etária entre os 70 e 79 anos; e dez homens e 14 mulheres tinham 80 anos ou mais.

No total, o país contabiliza 19.703 óbitos por covid-19 e 2.377.818 casos confirmados desde Março de 2020.

R(t) e incidência continuam a subir

Portugal encontra-se no quadrante mais escuro da matriz de risco que monitoriza a evolução da situação epidemiológica no país.

Segundo a actualização mais recente, divulgada esta quarta-feira pela DGS, o índice de transmissibilidade do vírus — designado por R(t) — subiu para 1,17 a nível nacional e 1,18 no continente. A incidência também subiu para 5728,4 a nível nacional e 5683,5 casos de infecção por cada 100 mil habitantes em território continental. Estes indicadores habitualmente são actualizados às segundas, quartas e sextas.

A actualização anterior, divulgada pela DGS na passada segunda-feira, dava conta de um R(t) de 1,15 a nível nacional e em território continental e de uma incidência nacional de 5322,6 casos por 100 mil habitantes e de 5262,8 casos no continente.

A incidência corresponde ao número de pessoas infectadas com o coronavírus SARS-CoV-2 (que causa a doença covid-19) por cada 100 mil habitantes. Já o índice de transmissibilidade — R(t) — corresponde ao número de pessoas que são, em teoria, contagiadas por alguém com a infecção activa.