Mesquita Nunes anuncia voto na IL mas sem filiação

João Cotrim de Figueiredo agradece o apoio e assinala a proximidade de pensamento com o antigo dirigente do CDS.

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Adolfo Mesquita Nunes defende que a Iniciativa Liberal é o partido capaz de obrigar Rui Rio a fazer as reformas necessárias Daniel Rocha

Depois de ter saído do CDS em ruptura com a actual direcção de Francisco Rodrigues dos Santos, Adolfo Mesquita Nunes declarou que, nas legislativas de domingo, o seu voto vai para a Iniciativa Liberal (IL). Ao que o PÚBLICO apurou, com este gesto, o ex-vice-presidente do CDS não procura representar uma filiação no partido liderado por João Cotrim de Figueiredo.

A declaração de voto foi apontada circunstancialmente às próximas eleições e com a justificação de que a IL é o partido com ímpeto reformista.

“Nos últimos dois anos este espaço do reformismo sensato foi ocupado pela Iniciativa Liberal e é, nesta campanha, a única que traz os instrumentos para a criação de riqueza que é preciso para depois podermos todos discutir a distribuição de riqueza”, disse Adolfo Mesquita Nunes, esta segunda-feira à noite na SIC Notícias, declarando o seu apoio: “Merece o meu voto de confiança”.

Apesar de ser um liberal assumido, o ex-vice-presidente de Assunção Cristas ressalvou que não concorda com todas as propostas do jovem partido.

“Se eu concordo com tudo o que eles dizem? Não, não concordo. Em alguns casos sou liberal como eles mas há uma dimensão social que precisa de ser trabalhada, precisa de ser reforçada e que para mim não é residual”, afirmou, assumindo que a declaração de voto noutro partido que não o CDS foi uma “decisão difícil”.

A posição do antigo secretário de Estado do Turismo (2011-2015) foi também justificada com a atitude de Rui Rio sobre a questão central do crescimento económico, tendo por base a ideia de que o líder do PSD sairá vencedor destas legislativas.

“Precisa de estar na Assembleia da República ou no Governo quem obrigue Rui Rio a fazer as reformas necessárias”, afirmou, numa posição que é semelhante à que tem sido defendida pelo líder da IL. Essa mesma proximidade de pensamento foi salientada por João Cotrim de Figueiredo quando esta manhã foi questionado sobre a declaração do ex-militante centrista. “Na análise de Adolfo Mesquita Nunes e na nossa, Rui Rio não dá garantias de ter essa vontade de mudar”, sustentou, agradecendo o apoio declarado.

Quando questionado se conta com o apoio de Adolfo Mesquita Nunes mesmo depois das eleições e para integrar o partido, o presidente da IL foi claro: “Nós não convidamos ninguém, não pedimos apoio a ninguém, não andamos atrás de ninguém e fazemos o nosso caminho”. Já Francisco Rodrigues dos Santos disse ter recebido a notícia “sem surpresa” mas não quis comentar sobre o assunto: “Eu não me manifesto por apoios políticos de pessoas que não são militantes do partido”.

Adolfo Mesquita Nunes militou no CDS durante 25 anos, foi autarca (foi eleito deputado municipal na Covilhã em Setembro passado e mantém-se como independente), foi deputado e vice-presidente na direcção liderada por Assunção Cristas. Na sucessão de Cristas, em Janeiro de 2020, Adolfo Mesquita Nunes apoiou João Almeida na disputa com Francisco Rodrigues dos Santos. Um ano depois do congresso em que o actual líder saiu vencedor, o antigo dirigente assumiu uma forte divergência com a estratégia da direcção e mostrou-se disponível para disputar a liderança, mas o conselho nacional do CDS deu um voto de confiança a Francisco Rodrigues dos Santos.

Depois das autárquicas, quando se preparava um novo congresso electivo do partido, Mesquita Nunes deu o seu apoio a Nuno Melo como candidato à liderança do partido. Mas o líder do CDS optou por adiar a reunião magna para depois das legislativas, o que levou à saída do partido de figuras notáveis como António Pires de Lima e o próprio Mesquita Nunes. Com Sandra Rodrigues

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