Macron: “A Rússia tornou-se uma potência desestabilizadora”

“A situação actual é preocupante para os europeus”, afirmou o Presidente francês depois de um encontro em Berlim dominado pela crise ucraniana. “A nossa resposta será gradual, em função da degradação da situação”.

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Soldado ucraniano em Donetsk, na Ucrânia STANISLAV KOZLIUK/EPA

Para Emmanuel Macron, a desescalada russa na fronteira com a Ucrânia – Washington e os europeus acreditam que Moscovo mobilizou ali perto de 100 mil soldados – virá “de um diálogo forte e de uma solução política para os estados do Donbass”, as regiões separatistas. Após o seu primeiro encontro com Olaf Scholz desde a tomada de posse do novo chanceler alemão, o Presidente francês insistiu que a União Europeia tem de iniciar as suas próprias negociações com Moscovo, em vez de deixar que sejam os Estados Unidos a falar pelos aliados quando em causa estão ameaças à paz na Europa.

Recordando os encontros das últimas semanas, entre os governos dos EUA e da Rússia, Moscovo e a NATO e Moscovo e a OSCE (Organização para a Segurança e a Cooperação da Europa), Macron defendeu que um dos pontos-chave a ter em conta nesta fase de tensões é a importância de nunca abandonar as negociações nos seus vários formatos. “Em paralelo, preparamos uma reacção comum e a resposta. Se houver uma agressão, a resposta vai acontecer e o seu custo será muito elevado”, assegurou, ecoando as palavras ouvidas na véspera em Bruxelas, depois de um conselho dos ministros dos Negócios Estrangeiros da UE.

Paris e Berlim estão unidos na crise ucraniana, sublinhou Macron, reconhecendo na resposta a uma pergunta dos jornalistas que o chamado “formato da Normandia”, uma mesa de diálogo que inclui alemães, franceses, russos e ucranianos, ainda não produziu resultados. Mas o dirigente francês não desistiu de o revitalizar. Em simultâneo, o próprio Macron vai falar ao telefone com o Presidente russo, Vladimir Putin, na sexta-feira.

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Macron fez a sua primeira viagem a Berlim desde que Scholz tomou posse como chanceler MICHELE TANTUSSI/REUTERS

Afirmando que qualquer ameaça à integridade territorial russa implicará consequências sérias para Moscovo, Scholz acabou por ter de defender a gestão que o seu Governo tem feito da crise. “Fizemos muito para apoiar activamente o desenvolvimento económico e democrático da Ucrânia”, afirmou. Mas Berlim continuará sem enviar armas letais para Kiev, ao contrário de muitos países ocidentais, que têm feito chegar aos ucranianos armas e equipamentos militares (a Alemanha invoca a sua “responsabilidade histórica” para não fornecer armamento a partes envolvidas em conflito armado).

Como descrevera a semana passada, no discurso de apresentação das prioridades da presidência francesa do Conselho da UE, no Parlamento Europeu, Macron defendeu que a Europa deve olhar para a sua relação com a Rússia de uma forma mais alargada. “Só podemos constatar que a Rússia se está a tornar numa potência desestabilizadora no Cáucaso e nas nossas fronteiras”, afirmou, antes de enumerar “actos de desestabilização” em vários estados que foram parte da União Soviética. “A situação actual é preocupante para os europeus”, concluiu. “A nossa resposta será gradual, em função da degradação da situação.”

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