Ameaça de invasão russa da Ucrânia e antecipação da Fed assustam investidores

As bolsas europeias e norte-americanas estão a derrapar na sessão desta segunda-feira, numa altura em que a tensão entre a Rússia e a Ucrânia se agrava.

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Em Wall Street, os principais índices começaram a semana com quedas Reuters/LUCAS JACKSON

Os mercados accionistas arrancaram a semana com fortes quedas, a prolongar a tendência já registada no final da semana passada, numa altura em que aumentam os receios em torno de uma invasão russa da Ucrânia. As principais bolsas europeias registaram perdas superiores a 3% e, nos Estados Unidos, onde os investidores aguardam também pelas próximas decisões de política monetária que serão tomadas pela Reserva Federal, as quedas rondam os 2%.

Este movimento surge depois de um fim-de-semana em que a tensão geopolítica entre a Rússia e a Ucrânia se agravou. No sábado, aterrou em Kiev o primeiro carregamento da ajuda militar norte-americana à Ucrânia, que faz parte de um pacote de 200 milhões de dólares (cerca de 176 milhões de euros) em apoio logístico e financeiro. Horas depois, o Ministério dos Negócios Estrangeiros do Reino Unido emitiu um comunicado onde afirma que a Rússia tem em marcha um plano para instalar na Ucrânia um regime controlado por Moscovo.

A isto, acresce a antecipação da próxima reunião da Fed, que será iniciada esta quarta-feira e na qual se espera que seja indicado quando irá ocorrer o primeiro aumento de taxas de juro desde 2018, política que poderá vir a ser implementada para conter a inflação. Isto depois de um longo período marcado por uma política de estímulos à economia adoptada pelo banco central norte-americano, que tem contribuído para a valorização expressiva dos mercados accionistas.

Em Wall Street, as expectativas são mesmo de que a reunião desta quarta-feira marque a primeira de várias medidas de contenção da inflação a serem tomadas ao longo deste ano. Numa nota enviada aos clientes este fim-de-semana, citada pelo Financial Times, o Goldman Sachs indica que existe o “risco de que o Comité Federal do Mercado Livre opte por endurecer as políticas em todas as reuniões até que o cenário da inflação se altere”, o que significa que poderá aumentar os juros mais do que quatro vezes este ano.

É perante este cenário que as bolsas derraparam na sessão desta segunda-feira. Na Europa, o índice de referência Stoxx 600, que reúne as 600 maiores cotadas europeias, caiu 3,8%, para mínimos de três meses. Entre as principais praças europeias, o italiano FTSE MIB, alemão DAX e o francês CAC 40 registam as quedas mais acentuadas, de 4,02%, 3,80% e 3,97%, respectivamente. Por cá, o PSI-20 desvalorizou 2,75%, o maior recuo numa ssesão desde Junho de 2020.

Nos Estados Unidos, o cenário é idêntico. O índice tecnológico Nasdaq é o mais penalizado, ao recuar perto de 3%, numa altura em que as maiores empresas do sector estão a derrapar. A Tesla destaca-se, ao recuar mais de 6%, mas também a Alphabet (casa-mãe da Google) e a Apple estão a cair mais de 3%.

É a correcção depois de um período de ganhos expressivos por parte destas empresas. “As acções especulativas do sector tecnológico atingiram valorizações que não fazem sentido em qualquer ambiente de investimento”, refere o Morgan Stanley numa nota enviada aos clientes, também citado pelo Financial Times.

Já o índice referência norte-americano S&P 500 perde em torno de 2,6% para os valores mais baixos em sete meses, enquanto o industrial Dow Jones cai cerca de 2%.

O pessimismo estende-se aos mercados de matérias-primas e de divisas. O barril de petróleo, tanto o negociado em Londres (Brent), como o que está cotado em Nova Iorque, segue a desvalorizar mais de 2%. Fora dos mercados principais, a criptomoeda Bitcoin está em destaque ao registar uma queda superior a 3%, negociando agora na casa dos 34.350 dólares, o valor mais baixo desde Julho do ano passado.

Actualizado com o fecho das bolsas na Europa

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