Uma reunião entre representantes dos taliban e membros da sociedade civil afegã realizada este domingo, em Oslo, permitiu “quebrar o gelo”, na véspera de um encontro entre representantes de Cabul e diplomatas ocidentais, disse à AFP uma participante.

“Foi uma reunião positiva para quebrar o gelo”, afirmou a defensora dos direitos das mulheres Jamila Afghani, numa mensagem enviada à AFP. “Os taliban mostraram boa vontade (...). Vamos ver se os seus actos seguem as suas palavras”, acrescentou.

Liderada pelo ministro dos Negócios Estrangeiros, Amir Khan Muttaqi, a delegação dos taliban, a primeira a deslocar-se à Europa desde que tomaram o poder, em Agosto de 2021, reuniu-se com representantes da sociedade civil afegã, incluindo activistas feministas e jornalistas, num hotel de Oslo.

Os participantes sublinharam “que todos os afegãos devem trabalhar juntos para melhorar a política, a economia e a segurança do país”, afirmou no Twitter o porta-voz do governo dos “estudantes de teologia”, Zabihullah Mujahid, no que foi apresentado como “uma declaração conjunta”.

Também foi reconhecido que “a compreensão e a cooperação conjunta são as únicas soluções para todos os problemas do Afeganistão”.

A situação humanitária no Afeganistão e os direitos humanos são assuntos que estão no centro desta visita de três dias, numa altura em que milhões de pessoas estão ameaçadas pela fome no país, privado de ajudas internacionais e afectado por várias secas.

Ainda nenhum país reconheceu o governo dos taliban, desde que estes regressaram ao poder, de onde tinham sido afastados em 2001.

Estas conversações “não constituem qualquer legitimação ou reconhecimento”, disse na sexta-feira a ministra dos Negócios Estrangeiros da Noruega, Anniken Huitfeldt. “Mas devemos falar com as autoridades de facto do país”, defendeu.

Este domingo, dezenas de manifestantes protestaram contra os taliban em frente ao ministério dos Negócios Estrangeiros em Oslo.

Na segunda-feira, a delegação vai reunir-se com representantes dos Estados Unidos, França, Reino Unido, Itália e da União Europeia, antes de contactos bilaterais com as autoridades norueguesas, no dia seguinte.