Os portugueses têm má memória de maiorias absolutas é uma frase de António Costa, como diz Catarina Martins?
A líder do Bloco de Esquerda citou o primeiro-ministro, que agora tem pedido uma maioria absoluta para o PS, a dizer que os portugueses não gostam dessa solução governativa.
A frase
“António Costa disse, e tão bem, que as pessoas em Portugal têm má memória das maiorias absolutas”
Catarina Martins, coordenadora do Bloco de Esquerda
O contexto
Foi à margem da primeira arruada do Bloco de Esquerda, no Chiado (Lisboa), no âmbito da campanha para as legislativas de 2022, que Catarina Martins citou António Costa sobre maiorias absolutas. “António Costa disse, e tão bem, que as pessoas em Portugal têm má memória das maiorias absolutas”, lembrou a líder do Bloco ao ser questionada sobre se um PS maioritário é o principal obstáculo que o partido enfrenta. Acrescentou ainda: “Têm má memória porque as maiorias absolutas têm sido muito permeáveis aos grandes interesses económicos. Tantos dos negócios ruinosos do país, que nos assaltaram verdadeiramente, foram feitos por maiorias absolutas.”
Os factos
Em Agosto de 2019, quando os partidos se preparavam para deixar a silly season e entrar na campanha para as legislativas, António Costa foi entrevistado pela TVI. Num dos momentos da conversa, interpelado pelos jornalistas sobre consensos parlamentares futuros, o primeiro-ministro disse que, do seu ponto de vista, o pedido de maioria absoluta “é um pedido impossível”. Antes, tinha sido muito claro sobre este tema: “Não tenho dúvidas de que os portugueses têm más memórias de maiorias absolutas. E não gostam de maiorias absolutas, sejam do PS, sejam do PSD”, disse ainda (aqui, entre o segundo cinco e o segundo 10). As declarações não caíram bem junto de um anterior primeiro-ministro do PS, José Sócrates, que escreveu um artigo no Expresso a considerar estes ataques de Costa às maiorias absolutas “insuportáveis”. Mas Sócrates escreveu mais: “Nunca me ocorreu vir a encontrar-me na desconfortável situação de ter de recordar a alguém que o Governo que agora maldiz foi, afinal, um Governo no qual participou.”
Em resumo
Embora dois anos depois António Costa peça uma maioria absoluta para governar em estabilidade, a afirmação de Catarina Martins é verdadeira.