Procuradora de Nova Iorque quer obrigar Trump a testemunhar em investigação por fraude

Novas acusações assinalam alargamento substancial do inquérito aos negócios do ex-Presidente e ao papel dos seus filhos em eventuais fraudes.

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Trump no comício que deu a 6 de Janeiro, antes do ataque dos seus apoiantes ao Capitólio Reuters/JIM BOURG

O inquérito civil lançado em 2019 pela procuradora do estado de Nova Iorque reuniu “provas significativas que sugerem que Donald J. Trump e a organização Trump avaliaram de forma falsa e fraudulenta vários bens e deturparam esses valores junto de instituições financeiras para benefício económico”. A procuradora Letitia James, que lidera o inquérito, notificou o ex-Presidente e dois dos seus filhos, Donald Trump Jr. e Ivanka Trump – a procuradora quer que um juiz ordene aos membros da família que testemunhem num prazo de 21 dias.

As suspeitas de James apontam para que a organização Trump tenha agido “fraudulentamente” para inflacionar o valor de determinadas propriedades quando isso era útil para obter empréstimos bancários e subestimar os mesmos valores para pagar menos impostos. Enquanto decorrerem as suas averiguações, uma outra investigação analisa possíveis violações criminais.

Em Julho, a organização Trump e o homem que foi responsável pelas suas finanças durante cinco décadas, Allen Weisselberg, já se declararam inocentes de 15 acusações de fraude e evasão fiscal num tribunal de Nova Iorque – prevê-se que o julgamento comece a meio deste ano.

As novas descobertas do gabinete de James estão detalhadas num documento judicial de 115 páginas, apresentado ao Supremo Tribunal de Nova Iorque e tornado público, e onde se relatam casos de falsas informações prestadas a credores, seguradoras e ao fisco. Entre as propriedades inflacionadas que surgem identificadas no documento está a penthouse de Trump na Trump Tower, de Manhattan, que surge como tendo sido descrita com o triplo do tamanho e sobreavaliada em 200 milhões de dólares (176 milhões de euros).

Segundo extractos do mesmo documento, Trump tinha “o poder de decisão sobre um amplo conjunto de práticas na organização, incluindo declarações falsas a terceiros, nomeadamente instituições financeiras e o fisco”. Já Ivanka Trump “era, até Janeiro de 2017, o principal contacto do maior credor da organização Trump, o Deutsche Bank, e “esteve por trás do envio de documento com informações erradas ao Deutsche Bank e ao Governo federal”. Donald Jr. “dispunha a partir de 2017 de autoridade sobre vários documentos que contêm estimativas falaciosas de valores”.

“Os Trumps têm de cumprir as nossas intimações legais para fornecerem documentos e testemunharem, ninguém neste país pode escolher se e como a lei se lhes aplica”, afirmou James.

No fim de Dezembro e no início de Janeiro, a procuradora já tinha notificado Trump, Donald Jr. e Ivanka, mas a família não respondeu à convocatória e tem recorrido a todos os procedimentos processuais disponíveis para atrasar o inquérito civil. Da mesma forma, já pediram a um juiz para bloquear as novas notificações. A família tem acusado James de motivações “políticas” e descrito o seu inquérito como uma “ameaça contra a democracia”.

O ex-Presidente, que recusou admitir a derrota nas presidenciais de 2020, enfrenta uma pressão crescente de várias investigações. Enquanto tenta impedir que as suas declarações fiscais de vários anos vão parar às mãos de procuradores, acaba de ver as pessoas que mais promoveram a tese de fraude eleitoral, incluindo o advogado Rudy Giuliani, serem intimados a testemunhar pela comissão que investiga o ataque ao Capitólio.

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