Dois adolescentes foram detidos no domingo à noite na zona sul de Manchester, em Inglaterra, no âmbito das investigações a um incidente de sequestro, no sábado, numa sinagoga nos subúrbios de Dallas, no estado norte-americano do Texas, por suspeitas de ligações a Malik Faisal Akram, o cidadão britânico que fez vários reféns antes de ser morto pela polícia.

Num comunicado partilhado no Twitter, a polícia de Greater Manchester informou que as detenções forem levadas a cabo por elementos das unidades de contraterrorismo do Noroeste e que os “dois adolescentes” vão “permanecer em detenção para serem interrogados”.

As suas identidades ou idades concretas não foram, no entanto, reveladas, como também não foi esclarecido o tipo de relacionamento que tinham com Akram, que residia em Blackburn.

Segundo a polícia do Texas, Akram, de 44 anos, viajou para os Estados Unidos há cerca de duas semanas, via Nova Iorque. No sábado entrou armado na Congregação Beth Israel, em Colleyville, e fez vários reféns, incluindo o rabino da sinagoga.

Durante as negociações com os agentes do FBI, Akram exigiu a libertação de Aafia Siddiqui – que descreveu como sua “irmã” –, uma neurocientista que se encontra detida numa prisão situada a poucos quilómetros da sinagoga, e que cumpre uma pena de 86 anos de prisão por vários crimes, incluindo tentativa de homicídio de soldados norte-americanos.

Ao fim de várias horas de negociações, os reféns acabaram por ser todos libertados e Akram foi dado como morto pela polícia, após uma troca de tiros. As armas que tinha consigo terão sido adquiridas em solo norte-americano, pouco depois da entrada no país.

Gulbar Akram, seu irmão, confirmou a morte de Malik, pedindo desculpa às vítimas, condenando o ataque e esclarecendo que o irmão sofria de distúrbios mentais.

“Queríamos dizer que, como família, não aceitamos nenhuma das suas acções e gostaríamos de pedir desculpas sinceras a todas as vítimas envolvidas neste lamentável incidente”, disse Gulbar, num comunicado partilhado pela página de Facebook da Comunidade Muçulmana de Blackburn.

“Qualquer ataque contra um ser humano – seja judeu, cristão ou muçulmano – é errado e deve ser sempre condenado”, acrescentou.
Joe Biden, Presidente dos Estados Unidos, descreveu o incidente como um “acto de terror” e prometeu contribuir para a oposição ao “anti-semitismo e ao aumento do extremismo”.

O chefe de Estado norte-americano criticou ainda a incapacidade da classe política para restringir a compra e venda de armas no país.

Liz Truss, ministra dos Negócios Estrangeiros britânica, também rotulou o ataque à sinagoga como um “acto de terrorismo e de anti-semitismo” e garantiu que o Reino Unido apoia os EUA na “defesa dos direitos e das liberdades” dos cidadãos de ambos os países “contra aqueles que espalham ódio”.