Foca resgatada pelo Zoomarine, Selkie, morre após operação para remover anzol e plásticos
Depois de ser avistada nas praias do Algarve, a foca-cinzenta fêmea foi resgatada pelo centro de reabilitação do Zoomarine. Não resistiu à operação para remover o “lixo humano” acumulado no tracto gastrointestinal, incluindo um anzol e redes de pesca.
A operação envolveu “quase 20 especialistas” e “centenas de horas investidas”, mas a foca Selkie não resistiu à cirurgia. Tinha o estômago cheio de “lixo humano”, incluindo dois pedaços de um anzol fragmentado e redes de pesca, lamenta o centro de reabilitação do Zoomarine, Porto D'Abrigo.
A foca-cinzenta fêmea afastou-se milhares de quilómetros do habitat natural, as águas frias do Atlântico Norte, e durante a viagem, que passou também por Espanha e Portugal, “foi sofrendo e acumulando vários ferimentos, uma infecção bacteriana, uma forte infestação por nematodes (entre outros), e uma obstrução gastrointestinal parcial, que levou à progressiva degradação do seu comportamento e condição clínica”, lê-se no comunizado do Zoomarine Algarve.
Uma equipa, em articulação com o ICNF, resgatou o mamífero pinípede de uma praia no Algarve, a 12 de Dezembro. Depois de um mês em reabilitação, avançaram para um procedimento clínico para remover “anzol, objectos de plástico, e restos de artes-de-pesca (fios de nilon e pedaços de redes) que se haviam acumulado no tracto gastrointestinal”. Tinham esperança de voltar a libertar o animal após a reabilitação.
O Zoomarine lembra que “a medicina ainda não faz milagres” face a um problema que “não deveria chegar à boca de animais marinhos”. “No selvagem, quando ingeridos, estes objectos tendem a impor uma morte lenta, dolorosa, ingrata, injusta… desumana”, descreve o comunicado.
Na mitologia céltica, Selkie “representa um ser capaz de mudar as suas formas de foca para humano”.