UE e Rússia admitem possibilidade de acordo nuclear com o Irão
“Antes do Natal, estava muito pessimista. Hoje penso que existe uma possibilidade de chegar a um acordo”, disse Josep Borrell, chefe da diplomacia europeia.
O chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, considerou esta sexta-feira que o ambiente das negociações sobre o nuclear iraniano está “melhor” depois do Natal, e que será “possível” alcançar um acordo em Viena.
“O ambiente é melhor depois do Natal. Antes do Natal, estava muito pessimista. Hoje penso que existe uma possibilidade de chegar a um acordo”, declarou Borrell no final de uma reunião dos ministros dos Negócios Estrangeiros dos 27 Estados-membros da União Europeia.
Josep Borrel admitiu um possível “resultado final” nas próximas semanas e exprimiu a “esperança que seja possível refazer o acordo e fazê-lo funcionar como ele funcionava antes da retirada americana”.
Em Moscovo, o chefe da diplomacia russa, Serguei Lavrov, também se manifestou “optimista” sobre as negociações internacionais destinadas a preservar o acordo de 2015 sobre o nuclear iraniano, ao assinalar “progressos” neste dossier.
“Tenho uma posição optimista, existem verdadeiros progressos e um verdadeiro desejo, entre o Irão e os Estados Unidos, de compreender as inquietações concretas”, declarou o chefe da diplomacia russa.
O ministro russo considerou que os negociadores presentes em Viena “têm muita experiência e conhecem os mais pequenos detalhes” dos assuntos em discussão. “Toco na madeira. Pensamos que vão chegar a acordo”, indicou.
Após um início difícil, o Irão felicitou-se na segunda-feira pelos “bons progressos” obtidos em pontos decisivos, e saudou os “esforços de todas as partes”.
As actuais conversações de Viena destinam-se a recuperar o acordo de 2015, designado Plano de Acção Conjunto Global (JCPOA, assinado então entre Teerão e os Estados Unidos, Reino Unido, França, China, Rússia e ainda Alemanha), que garantia ao Irão uma suavização das sanções ocidentais em troca de um controlo estrito do seu programa nuclear, sob supervisão de inspectores da agência das Nações Unidas.
Em represália pela retirada unilateral dos Estados Unidos do JCPOA, em 2018, e pela nova imposição de severas sanções pela administração do então Presidente Donald Trump, o Irão abandonou a maioria dos seus compromissos.
Teerão iniciou o enriquecimento de urânio até um grau de pureza de 60%, aproximando-se do nível de 90% que lhe pode garantir o fabrico da arma atómica.
De acordo com a Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA), o armazenamento de urânio tem aumentado diariamente e muito para além do limite acordado em 2015.
Após a sua eleição, o Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, que sucedeu a Trump, afirmou pretender o regresso de Washington ao acordo.