Arturo Pérez-Reverte cria nova editora para publicar clássicos de aventura

Zenda-Edhasa é a nova chancela que junta o portal de livros e leitores Zenda e a EDHASA, editora que nasceu há 75 anos na Argentina. O primeiro livro já está nas livrarias espanholas; o plano é publicar seis títulos por ano.

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A ilustração da capa feita pelo pintor Augusto Ferrer-Dalmau para o livro Las cuatro plumas dr

O escritor e académico espanhol Arturo Pérez-Reverte e o editor Daniel Fernández juntaram-se, em plena pandemia, para criar uma nova chancela editorial espanhola, a Zenda-Edhasa, que apostará na publicação de clássicos de aventuras. “Livros de aventuras para toda a vida, clássicos inesquecíveis que o cinema muitas vezes adaptou, estarão outra vez ao alcance de todos”, escreve o escritor espanhol Arturo Pérez-Reverte na sua página oficial de Facebook.

A editora quer publicar seis obras por ano, clássicos que não tenham envelhecido como Ivanhoe, de Walter Scott, disse Arturo Pérez-Reverte na sessão de lançamento da editora.

E quais são estes livros que “vão estar de novo nas mesas de novidades das livrarias, de onde nunca deveriam ter desaparecido”? O primeiro título que a Zenda-Edhasa deu à estampa neste início de ano é Las cuatro plumas, do escritor britânico A.E.W. Mason (1865-1948), que já conheceu várias adaptações cinematográficas. O livro, em que um soldado britânico é acusado de cobardia pelos amigos e pela noiva, é ilustrado pelo pintor Augusto Ferrer-Dalmau e tem um prólogo do próprio Pérez-Reverte. “Uma emocionante história de camaradagem, amizade e, finalmente, de diferentes formas de amor”, anuncia o portal Zenda.

E o segundo, que sairá em Fevereiro, é El enigma de las arenas, uma história de espionagem escrita em 1903 por Robert Erskine Childers, divulgou o jornal La Vanguardia, antecipando-se à editora, que queria manter a surpresa.

Esta não é a primeira aventura editorial de Arturo Pérez-Reverte. O autor de O Pintor de Batalhas criou em 2016 um portal literário que junta livros e amigos, o zendalibros.com, hoje com um milhão de leitores. Três anos depois, nascia a chancela editorial Zenda Aventuras, com a edição de El diamante de Moonfleet, do britânico Meade Falkner, obra que ganhou, pela tradução de Dolores Payás, o prémio International Latino Book Awards de California.

Também o editor Daniel Fernández não é novo nestas andanças. A casa editorial que dirige, a EDHASA, tem 75 anos de história. Foi criada em 1946 pelo editor catalão Antonio López Llausàs quando estava exilado na Argentina, com o nome Argentina Editora y Distribuidora Hispanoamericana S. A., de onde a actual sigla. Têm entre os seus catálogos 15 prémios Nobel e continua a ser uma ponte entre Espanha e a América Latina.

No comunicado em que anunciam a criação da Zenda-Edhasa, os dois parceiros dizem que têm muita coisa em comum, nomeadamente “um amor incondicional pela literatura e pela história, uma grande paixão por clássicos e uma obsessão constante por encontrar narrativas perdidas, esquecidas ou ainda por descobrir”. A Zenda ganha em aliar-se a uma editora clássica com um grande fundo de catálogo e uma boa rede de distribuição, e a EDHASA ganha em estar ligada ao projecto digital criado por Pérez-Reverte, que beneficia de uma sólida comunidade de leitores e não só. O plano inicial previa apenas que a Zenda adquirisse os direitos de alguns livros da Edhasa, mas a parceria acabou por ir mais longe e resultar nesta união.

Na apresentação do projecto, conta o jornal espanhol ABC, Daniel Fernández explicou que durante a pandemia em Espanha os índices de leitura subiram porque as pessoas estão saturadas de olhar para ecrãs e por isso procuram livros e aventura.

No seu site, a nova editora anuncia que deseja colocar os seus livros “ao serviço da vida do leitor, partilhando aqueles mundos que só são possíveis na imaginação, nas bibliotecas e na memória”. E que procura um leitor adulto nestes tempos de politicamente correcto.

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