Antigo “número dois” do partido Os Republicanos apoia Zemmour
Deputado não se limita a desertar do partido, diz que será um dos “capitães” do antigo jornalista de extrema-direita e acredita que só ele será capaz de derrotar o Presidente Macron nas eleições de Abril.
O deputado conservador Guillaume Peltier, que até ao ano passado era “número dois” do partido Os Republicanos, anunciou este domingo a sua deserção da formação de direita e o seu apoio ao candidato às presidenciais Eric Zemmour, de extrema-direita. Peltier assegura que será “um dos capitães” de Zemmour, que descreve como “o único candidato capaz de galvanizar a direita e derrotar [o Presidente Emmanuel] Macron” nas eleições de Abril.
Peltier diz não ter nenhuma confiança na candidata às presidenciais do partido que integrava até agora, Valérie Pecresse, escolhida há um mês em eleições primárias. Para o dirigente, Pecresse, que tem surgido em segundo ou terceiro lugar nas sondagens (atrás de Macron e, por vezes, de Marine Le Pen, da União Nacional, de extrema-direita), está ideologicamente demasiado próxima do centrismo do chefe de Estado – e nada garante, diz, que não o venha a apoiar. “Valérie Pécresse e Emmanuel Macron são a mesma coisa”, disse, em declarações à rádio Europe 1.
Nas primárias do partido criado por Nicolas Sarkozy a partir da União por um Movimento Popular (UMP), Peltier apoiou Éric Ciotti, que se apresentou com um discurso próximo da extrema-direita, defendendo a identidade nacional e falando da necessidade de restaurar a autoridade do Estado em bairros de imigrantes. Derrotado, reuniu quase 40% dos votos dos 113 mil militantes que participaram no voto, com alguns analistas a anteciparem que parte destes eleitores poderá seguir Peltier no apoio ao controverso comentador e ex-jornalista de extrema-direita, conhecido pelas suas posições racistas e misóginas e ideias anti-imigração e anti-islão.
Depois de as sondagens terem chegado a antecipar a sua passagem à segunda volta, numa altura em que não era oficialmente candidato, Zemmour tem surgido agora sempre atrás de Macron, Pécresse e Le Pen. Claro que faltam ainda mais de três meses para as eleições e nem sequer estão decididos todos os candidatos.
O porta-voz de Pécresse, Othman Nasrou, desvalorizou esta deserção, afirmando que, “na prática”, Peltier “já tinha saído”: “Está a voltar agora ao ponto de partida do seu envolvimento político, a extrema-direita” comentou, no Twitter. Peltier entrou na política através da Frente Nacional (antecessora da União Nacional) da Juventude, passando em seguida pelo Movimento pela França, de extrema-direita, antes de chegar ao antigo UMP e de dirigir a campanha de Sarkoky, em 2012.