Rio em debate ameno com Rodrigues dos Santos: “Se não quiserem votar no PSD, votem no CDS”

Os líderes do PSD e CDS mostraram concordar com a privatização da TAP.

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Rui Rio e Francisco Rodrigues dos Santos debateram na noite desta sexta-feira Rui Gaudencio

O debate entre os líderes do PSD e do CDS terminou como começou: ameno. Rui Rio e Francisco Rodrigues dos Santos tentaram reclamar a vantagem do voto útil nos respectivos partidos. Mas, no final do frente-a-frente desta noite na TVI, o líder do PSD sorriu e concedeu: “Se não quiserem votar no PSD, votem no CDS”.

Nessa altura, Francisco Rodrigues dos Santos voltava a garantir que o fim do CDS não está para breve e que o partido pode ser a chave para travar o socialismo. “O CDS não se vai extinguir. O CDS está cá para derrotar António Costa e a extrema-esquerda e para dar a garantia aos eleitores de que um voto no CDS será a única opção possível para ter um governo de direita em Portugal, coisa que Rui Rio não conseguiu garantir neste debate”, afirmou.

Se os debates têm mostrado um Francisco Rodrigues dos Santos mais aguerrido, esse tom desapareceu. Foi visível a simpatia pessoal que ambos já mostraram ter um pelo outro, apesar de o PSD ter rejeitado uma coligação pré-eleitoral com o CDS.

Como Rui Rio esclareceu, o frente-a-frente não era entre dois partidos de direita, mas sim entre um do centro e outro da direita. O líder do PSD nunca respondeu aos recados de que esteve próximo do PS (no fim dos debates quinzenais, por exemplo) ou de que se prepara para “arranjinhos” com os socialistas. E fez questão de afirmar que o voto útil é no partido laranja. “Se nós queremos tirar António Costa, e ser eu primeiro-ministro, o voto útil é no PSD”, declarou, apontando logo de seguida a prioridade ao seu antigo parceiro na Câmara do Porto: “Se ganhar as eleições e não tiver maioria, o primeiro com quem me quero entender é com o CDS, depois a Iniciativa Liberal”.

Mas, tal como tem vindo a defender e como Rodrigues dos Santos assinalou, a porta não se fecha ao PS. “Se ganhar e não tiver maioria, o primeiro que tiver de dialogar é com o CDS. Desde que o resultado permita ter maioria com o CDS e IL. No caso de isso não funcionar, o PS devia facilitar e não irmos para eleições seis meses depois”, afirmou o líder social-democrata. Rui Rio insistiu na necessidade da “governabilidade do país”, mas ressalvou que “viabilizar um governo não é dar carta branca: “Não é ‘fazer o que entenderes’, é negociado”.

Nas questões dos impostos, da saúde e na TAP, os dois líderes mostraram forte convergência. Ambos concordaram na privatização da companhia aérea. Só a eutanásia mostrou “uma gigantesca diferença” entre os dois. Como salientou Rui Rio, o PSD é “maioritariamente” contra, tal como o CDS. Mas o líder social-democrata prefere dar liberdade de voto aos seus deputados enquanto o CDS impõe uma posição. Rodrigues dos Santos ripostou: “O PSD votou contra o referendo. Dá liberdade aos deputados e não aos portugueses”.

Francisco Rodrigues dos Santos avistou ainda uma outra divergência: a regionalização. E pôs em cima da mesa os argumentos contra: “Nova classe política, mais tachos, mais impostos, oportunidades de corrupção, aumento da despesa”. Mas, afinal, Rio concorda com estes aspectos negativos: “Se for isso que está a dizer também sou contra”.

Semanas depois do vídeo lançado pelo CDS sobre a ceia de Natal da família de direita, que mostrou o PSD como o “irmão” que tinha ido “jantar com a família de esquerda”, o debate desta noite parece ter reflectido mais uma reconciliação do que uma desavença.

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