Já pensaste em adoptar uma avó?
Até 11 de Fevereiro, a associação A Avó Veio Trabalhar está a promover uma campanha de crowdfunding. O lema? “Adopte uma avó.”
Há 74 avós inscritas no projecto A avó veio trabalhar, mas a maioria tem estado afastada devido às circunstâncias da pandemia. Pela segunda vez, a associação lança uma campanha de crowdfunding para poder continuar com as actividades, desta vez com o lema “Adopte uma avó”. A campanha materializa uma ideia nascida no início do projecto, em 2014. “Tínhamos a ideia de ter um cartão de fã da avó que oferecesse alguns benefícios aos participantes e que promovesse o contacto entre eles e as avós”, começa por explicar o co-fundador da associação, Ângelo Compota, ao P3. Na plataforma de crowdfunding é possível fazer um donativo e, de acordo com o valor doado, é dada uma recompensa como forma de agradecimento, desde uma fotografia autografada a um workshop privado com a avó preferida.
Embora as recompensas desta campanha sejam “simbólicas”, a intenção futura é que “a pessoa que adopte uma avó possa ter uma responsabilidade diferente para com ela”. Ângelo Compota, que também é psicólogo, sublinha o facto de a participação das avós na associação ser totalmente “gratuita”. “Tudo o que é capitalizado (a partir das vendas dos produtos de artesanato, workshops ou campanhas publicitárias) é investido na organização do espaço.”
A retribuição às avós trabalhadoras, conta, é feita “através de experiências diferenciadoras: intercâmbios nos Açores, algumas viagens internacionais e a possibilidade de acederem gratuitamente a procedimentos estéticos, teatros ou cinemas”. Os fundadores d’A Avó Veio Trabalhar, Ângelo e Susana António, fizeram “um cálculo do custo da participação diária, mensal e anual”, para que a comunidade que os segue “possa ter uma noção destes números”. Assim, o objectivo da campanha de crowdfunding situa-se nos 7560 euros, a reunir até 11 de Fevereiro.
No final de 2020, viram-se obrigados a fazer um primeiro crowdfunding para conseguirem manter o espaço. A meta foi cumprida, mas, confessa Ângelo, a animação não tem sido a mesma desde o início da pandemia. “Perdemos alguns membros que foram ficando desmotivados. Outros, quando as medidas começaram a suavizar-se, saíram da cidade para voltar às suas terras de origem, onde se sentem mais livres face a todas as restrições que estamos a viver.”
“Para manter a sanidade mental das avós”, a associação começou por enviar kits de actividades, para que pudessem continuar ocupadas. Actualmente, tentam manter contacto diário através de um grupo no WhatsApp e, durante a semana, recebem presencialmente cerca de 30 pessoas, divididas por grupos.
Recentemente, a Federação Portuguesa de Futebol pediu a estas avós “uma solução sustentável para as antigas fardas dos jogadores”. As avós e a associação decidiram, então, “personalizar os fatos dos jogadores em função da história de vida de cada um”. Ângelo explica: “A ideia é criar uma ligação emocional com cada um dos jogadores, para que eles possam conhecer a associação e adquirir o seu próprio casaco.”
“Todas estas experiências oferecem [às avós] um empoderamento incrível enquanto mulheres e é por isto que esperamos poder chegar a mais pessoas no futuro”, resume Ângelo.
Texto editado por Ana Maria Henriques