Mais de 600 mil pessoas subscrevem petição contra condecoração a Tony Blair
Isabel II condecorou o antigo primeiro-ministro, mas a sua intervenção na invasão do Iraque em 2003 continua a inflamar parte da opinião pública britânica.
Mais de 600 mil pessoas assinaram até esta terça-feira uma petição para que uma condecoração atribuída pela rainha Isabel II ao antigo primeiro-ministro britânico Tony Blair seja retirada devido à sua intervenção na invasão do Iraque em 2003.
A Rainha agraciou Blair, que foi primeiro-ministro entre 1997 e 2007, com o título de Sir e o grau de Cavaleiro (Knight Companion) da Ordem de Garter, a mais antiga e mais elevada ordem honorífica britânica, na lista anual de condecorações por ocasião do Ano Novo.
O promotor da petição, Angus Scott, argumenta que Blair é a pessoa “menos merecedora de uma homenagem pública, particularmente aquela concedida por Sua Majestade a Rainha”, devido “aos danos irreparáveis que causou à Constituição do Reino Unido e às fundações da sociedade”.
Scott acusa o antigo líder do Partido Trabalhista de ter sido “pessoalmente responsável pela morte de inúmeras vítimas civis e militares inocentes em diversos conflitos” e, portanto, deve ser processado por “crimes de guerra”.
A petição no portal Change.org, pede ao actual primeiro-ministro britânico, o conservador Boris Johnson, que interceda junto de Isabel II para retirar o título.
No entanto, a secretária de Estado responsável pela vacinação contra a covid-19, Maggie Throup, defendeu que Blair “fez muitas coisas boas” durante o seu mandato, enquanto o actual líder do Partido Trabalhista, Keir Starmer, defendeu que Blair “ganhou” o reconhecimento.
A distinção foi atribuída a todos os antecessores, mas demorou 14 anos a ser concedida a Blair. Ao contrário de outras condecorações, esta é feita directamente pela rainha, e não por recomendação do Governo.
Na mesma lista de Blair, o Palácio de Buckingham anunciou três nomeações para a ordem criada em 1348, sendo as outras duas a da esposa do príncipe Carlos, Camilla, e a da antiga líder da Câmara dos Lordes, Valerie Amos, a primeira pessoa negra a ser reconhecida.
De acordo com o Palácio, a Ordem passa assim a ter 21 Cavaleiros “companheiros” de um máximo de 24. Paralelamente, o Governo divulgou a lista de outras pessoas também condecoradas por contribuições nas áreas desportivas, científicas ou culturais, como a tenista Emma Raducanu, o actor Daniel Craig e vários cientistas britânicos envolvidos no combate à pandemia de covid-19.