Ninguém vencerá uma guerra nuclear, dizem as potências mundiais

“Acreditamos que uma guerra nuclear nunca será vencida e não deve ser travada”, lê-se numa declaração conjunta de EUA, China, Rússia, França e Reino Unido, os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU.

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Um submarino chinês da classe JIn, com mísseis balísticos, em manobras no mar do Sul da China Reuters/China Stringer Network

Os governos dos Estados Unidos, China, Rússia, França e Reino Unido emitiram esta segunda-feira uma declaração conjunta em que se comprometem a evitar a proliferação de armas nucleares e assim os riscos de uma guerra que não terá vencedores.

“Acreditamos que uma guerra nuclear nunca será vencida e não deve ser travada. O uso de armas nucleares pode ter consequências graves e, por isso, reiteramos que essas armas devem ser utilizadas apenas para fins de defesa e para prevenir guerras”, frisaram os cinco países, membros permanentes do Conselho de Segurança das Nações Unidas.

Na declaração conjunta, divulgada pela Casa Branca, as cinco nações consideram que as armas nucleares “devem ser impedidas de se espalharem” e reafirmam a importância de “enfrentar as ameaças que representam”, destacando a importância de “cumprir os tratados bilaterais e multilaterais de não-proliferação, controlo e desarmamento.”

“Mantemos o nosso compromisso com o Tratado de Não Proliferação, incluindo a obrigação expressa no Artigo VI para negociar de boa-fé as medidas eficazes relacionadas com a cessação da corrida às armas nucleares num curto espaço de tempo e com o desarmamento nuclear, e um tratado para o desarmamento geral e completo sob estrito controlo a nível internacional”, acrescenta o documento.

As principais potências nucleares comprometeram-se também a “manter e fortalecer as medidas a nível nacional para prevenir o uso não autorizado” de armas nucleares. “Reiteramos a validade das nossas declarações anteriores e asseguramos que nenhuma arma nuclear será dirigida aos nossos Estados ou a outro país”, lê-se no documento.

Os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança deram também conta, na sua declaração conjunta, do seu desejo de trabalhar com outras nações para criar um “ambiente seguro” que leve ao desarmamento para chegar ao objectivo final: “Um mundo sem armas nucleares”.

“Estamos decididos a procurar um diálogo construtivo com respeito mútuo e o reconhecimento dos interesses e preocupações de segurança de cada um”, concluem.

A declaração do chamado grupo P5 ocorre num momento em que as relações bilaterais entre os Estados Unidos e a Rússia atingiram o ponto mais baixo desde o fim da Guerra Fria, tal como as relações entre Washington e Pequim.

Em Novembro, o Pentágono actualizou a sua estimativa do arsenal de armas nucleares da China nos próximos anos, dizendo que Pequim poderia ter 700 ogivas em 2027 e possivelmente 1000 em 2030. Washington tem, repetidamente, exortado a China a juntar-se aos EUA e à Rússia num novo tratado de controlo de armamento nuclear.

Já a tensão geopolítica entre Moscovo e os países ocidentais tem vindo a acentuar-se por causa da escalada militar da Rússia junto à fronteira com a Ucrânia, vista como a antecâmara de uma potencial invasão.

Na passada quinta-feira, o Presidente norte-americano e o seu homólogo russo, numa conversa telefónica, concordaram em manter aberta a via do diálogo mas não fizeram quaisquer cedências, com Joe Biden a dizer a Vladimir Putin que os EUA e os seus aliados e parceiros “vão responder de forma decisiva caso a Rússia invada a Ucrânia”.

No próximo dia 10 de Janeiro, representantes dos governos dos Estados Unidos e da Federação Russa vão sentar-se à mesa para negociações bilaterais com a situação no Leste da Ucrânia.

Uma conferência destinada a discutir um grande tratado nuclear que deveria começar esta terça-feira nas Nações Unidas foi adiada para Agosto devido à pandemia de covid-19.

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