Braga investe um milhão de euros em sistema de gestão do trânsito

O município de Braga vai instalar painéis informativos sobre o estado do trânsito automóvel em tempo real. Associação Braga Ciclável teme que informação possa “incentivar mais pessoas a utilizar o carro”.

Foto
Sensores vão recolher dados sobre o trânsito em vários pontos da cidade Adriano Miranda

O município de Braga vai instalar até ao final de Março um sistema de gestão de tráfego. Na rua, uma dúzia de painéis, em vários pontos da cidade, vão emitir, em tempo real, a informação recolhida de 15 sensores espalhados pelas principais entradas e pelos cruzamentos mais movimentados do casco urbano. A associação Braga Ciclável considera que a informação recolhida por este sistema pode ajudar a pôr em prática medidas de gestão da mobilidade, mas teme que, como foi desenhado, o sistema possa contribuir para a “promoção do uso do automóvel”.

O novo sistema de gestão de tráfego do município de Braga vai custar um milhão de euros, resultante de uma candidatura no âmbito da Associação do Quadrilátero Urbano e de outra ao fundo ambiental Build, que que tem como parceiros o Instituto Ibérico de Nanotecnologia e a Universidade do Minho.

Os sensores vão identificar “congestionamentos viários, velocidade de deslocação, fluxos de origem e destino, ou perceber quantos passageiros estão em cada veículo automóvel”, enquanto os painéis vão permitir ao automobilista “estar mais informado, em tempo real, sobre o trânsito existente na via para onde se quer deslocar”, explica ao PÚBLICO a vereadora com o pelouro da mobilidade da Câmara de Braga, Olga Pereira.

Incentivo ao uso do carro?

No entanto, para o presidente da Associação Braga Ciclável, Mário Meireles, a informação disponibilizada nos painéis pode contribuir para “incentivar mais pessoas a utilizar o carro” ao comunicar ao automobilista “que em vez de demorar 20 minutos a ir para um lado, pode demorar 15 a ir por outro”. O especialista em mobilidade considera que seria mais vantajoso “investir na reorganização da infra-estrutura” viária de Braga.

O responsável entende ainda que os painéis informativos deviam ser colocados não “em avenidas como a da Rodovia ou a 31 de Janeiro”, mas sim “à saída das auto-estradas”, possibilitando ao automobilista “estacionar o carro num parque de estacionamento periférico e utilizar o autocarro ou a bicicleta dentro da cidade”. “Braga é uma cidade pequena e enquanto continuarmos a ter uma cidade que promove o uso do automóvel vai haver mais congestionamento”, acrescenta.

Ainda assim, Mário Meireles considera que os dados recolhidos pelos sensores, que vão “transmitir um volume e indicadores de velocidade elevados”, podem resultar “em novas medidas para a melhoria da mobilidade em Braga”. A vereadora Olga Pereira admite que o novo sistema de gestão de tráfego “não vai resolver os problemas de trânsito” mas será “uma ferramenta importante no desenvolvimento de estudos de mobilidade” pelo município, originando “alternativas em modos suaves” na cidade.

A autarca lembra que o município está “empenhado em alargar a malha de ciclovias existente fora e dentro da cidade”, apontando como exemplos os projectos previstos para a Avenida da Liberdade e para a Rua 31 de Janeiro (via ciclável Rio Este) e a conclusão da ciclovia da variante da Encosta, cujo concurso público para o terceiro troço foi agora lançado.

Sugerir correcção
Ler 3 comentários