Covid-19: Exibidores de cinema criticam “medidas discriminatórias”

Os ziguezagues na informaçáo da DGS e o agravamento de restrições, que não foi imposto, por exemplo, aos restaurantes, podem representar uma perda de 600 mil espectadores só até 9 de Janeiro, acusa a Associação Portuguesa de Defesa de Obras Audiovisuais.

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PAULO PIMENTA

A Associação Portuguesa de Defesa de Obras Audiovisuais (FEVIP), que representa vários exibidores e distribuidores cinematográficos, criticou esta quinta-feira as “medidas discriminatórias” para a exibição de cinema por causa da covid-19, alertando para uma perda estimada de 600 mil espectadores até dia 9 de Janeiro.

Em comunicado, o director-geral da associação, António Paulo Santos, manifesta-se “incrédulo” pelas “medidas discriminatórias” anunciadas para conter a propagação da covid-19 e pelas “sucessivas correcções e esclarecimentos” por parte da Direcção-Geral da Saúde (DGS).

Na quarta-feira, a DGS admitiu um “lapso” na divulgação das orientações sobre realização de eventos culturais –​ que abrangem também as exibições de cinema –, esclarecendo que até domingo, 2 de Janeiro, se mantém a exigência de comprovativo de teste à covid-19 ou a realização de autoteste.

No dia anterior, a orientação da DGS indicava que o acesso a eventos culturais poderia ser feito com teste negativo ou, em alternativa, com certificado digital de vacinação.

No entender da FEVIP, estas alterações “estão a aumentar a incerteza de quem quer visitar os cinemas, afectando directamente as receitas de bilheteira”. Só entre os dias 26 e 29 de Dezembro os cinemas sofreram quebras de 74% em relação a anos anteriores, e “prevê-se que até 9 de Janeiro cerca de 600 mil espectadores sejam afastados das salas de cinema”, estima a associação, que deixa no ar a pergunta: “Como é que se sobrevive a actualizações constantes das orientações?”

Para a FEVIP, não se compreendem as restrições impostas à Cultura quando comparadas com as que estão a ser exigidas a outras áreas. “Parece-me óbvio que o mesmo não ocorre noutros sectores, nos quais as medidas não sofreram este agravamento, como é o caso dos casinos e bingos, em que as pessoas não têm localização fixa, ou dos restaurantes, em que é suposto as pessoas estarem sem máscara durante as refeições”, diz ainda o comunicado.